ATA DA CENTÉSIMA VIGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 31.10.1990.

 


Aos trinta e um dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Centésima Vigésima Nona Sessão Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, tendo sido respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Gert Schinke, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo, Adroaldo Correa e Antonio Losada. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Edi Morelli que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Senhor Secretário procedeu à leitura da Ata da Centésima Vigésima Oitava Sessão Ordinária que, juntamente com a Ata da Centésima Vigésima Sétima Sessão Ordinária, foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Cyro Martini, 02 Pedidos de Providências e 01 Projeto de Resolução nº 45/90 (Processo nº 2145/90); pelo Ver. Edi Morelli, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Giovani Gregol, 01 Substitutivo ao Projeto de Lei do Legislativo nº 145/90 (Processo nº 2092/90); pela Verª Letícia Arruda, 10 Pedidos de Providências e 01 Indicação. Ainda, foi apregoado o Projeto de Lei do Executivo nº 68/90 (Processo nº 2222/90). Do EXPEDIENTE constou o Ofício nº 2389/90. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi aprovado Requerimento verbal do Ver. Clóvis Brum, solicitando alteração na ordem dos trabalhos, ocorrendo, primeiramente, a Ordem do Dia e, após, o Grande Expediente, por vinte e um votos SIM, tendo sido, este Requerimento, submetido à votação nominal por solicitação da Mesa Diretora dos trabalhos. Após, foi aprovado Requerimento do Ver. Giovani Gregol, solicitando seja alterada a ordem de apreciação das matérias constantes na Ordem do Dia, sendo votados os Requerimentos em primeiro lugar, após ter sido, este Requerimento, encaminhado à votação pelo Autor. Ainda, foi aprovado Requerimento verbal do Ver. Clóvis Brum solicitando que, após a votação dos Requerimentos, seja votado o Processo nº 1739/90. Na ocasião, o Ver. Isaac Ainhorn manifestou-se favorável à votação de todos os Requerimentos antes da votação dos processos. Após, o Sr. Presidente registrou a presença, em Plenário, da ex-Vereadora e Deputada Estadual eleita Jussara Cony, convidando S. Exa. a fazer parte da Mesa. Em continuidade, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Gert Schinke, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 128/90 seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta das respectivas Comissões; do Ver. Giovani Gregol, solicitando que o período de Grande Expediente da Sessão Ordinária do dia sete de novembro próximo vindouro seja dedicado a marcar o transcurso do “Dia Nacional de Lutas”, contra os vetos do Presidente Collor aos Projetos de Leis Complementares da Previdência, Saúde e Assistência Social; do Ver. José Alvarenga, solicitando que seja realizada uma Sessão Solene, dia vinte e oito de novembro do corrente ano, dedicada a assinalar a luta dos povos árabes pela retirada das tropas estrangeiras do Golfo Pérsico em razão da ofensiva do imperialismo norte-americano, que prepara uma guerra genocida contra o Iraque; do Ver. Valdir Fraga, solicitando que seja realizada uma Sessão Solene, dia seis de novembro do corrente ano, dedicada a homenagear a Escola Municipal de Primeiro Grau José Loureiro da Silva, pelo transcurso do trigésimo quinto aniversário de sua fundação; do Ver. Vicente Dutra, solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 61/90 seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta das respectivas Comissões. Após, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Na ocasião, o Senhor Presidente respondeu Questão de Ordem do Ver. Omar Ferri, acerca do Parecer da Auditoria referente à Questão de Ordem anteriormente formulada pelo Ver. João Dib, quanto à forma regimental de tramitação, na Casa, do Processo nº 1739/90. Em prosseguimento, o Senhor Secretário procedeu à leitura do Parecer acima referido, onde é ressaltado que o Processo 1739/90 deve tramitar como Projeto de Lei Ordinária e não como Projeto de Lei Complementar. Após, o Ver. Clóvis Brum formulou Requerimento solicitando a transformação do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 21/90 em Projeto de Lei do Legislativo. A seguir, o Senhor Presidente respondeu Questão de Ordem dos Vereadores Omar Ferri e Clóvis Brum, acerca do Requerimento de autoria do Ver. Clóvis Brum, anteriormente referido e, às quatorze horas e quarenta e seis minutos, suspendeu os trabalhos nos termos regimentais. Às quinze horas e vinte e um minutos, constatada a existência de “quorum”, foram reabertos os trabalhos e o Senhor Presidente declarou empossado na Vereança o Suplente Heriberto Back, em substituição ao Ver. Flávio Koutzii, em Licença para Tratar de Interesses Particulares e, informando que S. Exª já prestou compromisso legal nesta Legislatura, ficando dispensado de fazê-lo, comunicou-lhe que passaria a integrar a Comissão de Finanças e Orçamento. A seguir, o Senhor Secretário procedeu à leitura do Parecer da Auditoria da Casa, referente ao Requerimento do Ver. Clóvis Brum, de transformação do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 21/90 em Projeto de Lei do Legislativo, o qual assevera “não haver impedimento de ordem jurídica para que sejam aproveitados na apreciação da matéria todos aqueles atos já praticados no procedimento legislativo, até esta data, tais como: encaminhamento à Mesa, Parecer Prévio, Pauta, e outros que não contrariem a essência do processo legislativo próprio do Projeto de Lei do Legislativo”. Em continuidade, baseado nos Pareceres da Auditoria e da Comissão de Justiça e Redação da Casa, este aprovado no âmbito da Comissão por cinco Votos SIM contra dois Votos NÃO, o Senhor Presidente deferiu o Requerimento do Ver. Clóvis Brum, declarando que o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 21/90 passa a ser o Projeto de Lei do Legislativo nº 152/90 (Processo 2236/90). Após, foram apregoadas pela Mesa Emendas apresentadas ao Projeto de Lei do Legislativo nº 152/90: pelo Ver. Artur Zanella, de nºs 03, 04, 05, 06 e 07; pelo Ver. Isaac Ainhorn, de nº 01; pelo Ver. Omar Ferri, de nºs 02 e 08; e, encaminhada pelo Ver. Wilson Santos, 01 Emenda ao Substitutivo nº 01 deste Projeto. Em discussão Geral e Votação, urgência, foi rejeitado o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 152/90, por cinco Votos SIM contra vinte e quatro Votos NÃO e duas ABSTENÇÕES, declarando-se prejudicada a Emenda a ele aposta. A seguir, foi aprovado o Substitutivo nº 02 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 152/90, por vinte Votos SIM contra onze Votos NÃO, com Declarações de Voto dos Vereadores Artur Zanella, João Dib, Vicente Dutra e Leão de Medeiros, declarando-se prejudicados o Projeto original, com suas respectivas Emendas, e os Substitutivos nºs 03 e 04 a ele apostos. O Projeto de Lei do Legislativo nº 152/90 e os Substitutivos e Emendas a eles apostos, foram discutidos pelos Vereadores Clóvis Brum, Wilton Araújo, Omar Ferri, Luiz Braz, Leão de Medeiros, Wilson Santos, Elói Guimarães, Nelson Castan, José Valdir, Adroaldo Correa, José Alvarenga, Lauro Hagemann, Giovani Gregol, Airto Ferronato, Ervino Besson, Cyro Martini, João Dib, Vieira da Cunha e Artur Zanella e encaminhados à votação pelos Vereadores Clóvis Brum, Artur Zanella, Luiz Braz, Dilamar Machado, Lauro Hagemann e José Valdir, tendo sido submetido à votação nominal por solicitação da Mesa Diretora dos trabalhos. Após, foi aprovado Requerimento do Ver. Clóvis Brum, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 152/90 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 15/88 que, a Requerimento, aprovado, do Ver. Nelson Castan, teve adiada a sua discussão e votação por cinco Sessões. Em discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Lei do Executivo nº 111/89 que, a Requerimento, aprovado, do Ver. Mano José, teve adiada sua discussão e votação por cinco Sessões. Em primeira Discussão Geral esteve o Projeto de Resolução nº 02/89. Em discussão Geral e Votação, Urgência, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 70/90 que, por determinação do Senhor Presidente, foi retirado da Ordem do Dia tendo em vista a não apreciação de Parecer pelas Comissões pertinentes. Ainda, em Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Resolução nº 18/90 que, tendo em vista a constatação de inexistência de “quorum”, deixou de ser apreciado. Durante a votação do Projeto de Lei do Legislativo nº 152/90, o Ver. Dilamar Machado formulou Requerimento verbal solicitando a diminuição do período regimental para discussão desse Projeto, tendo em vista o grande número de Vereadores inscritos para essa discussão. Esse Requerimento deixou de ser votado face à manifestação contrária das Lideranças das Bancadas do PSB e do PT, tendo, na ocasião, manifestado-se favorável ao mesmo a Liderança da Bancada do PTB. Ainda, o Senhor Presidente deferiu solicitação do Ver. Wilson Santos, de retirada dos Anais da Casa, de expressões utilizadas pelo Ver. Omar Ferri quando de sua manifestação contrária ao Requerimento do Ver. Dilamar Machado. Também, o Senhor Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Clóvis Brum, Isaac Ainhorn, Elói Guimarães, Adroaldo Correa, Artur Zanella, Vieira da Cunha, Edi Morelli e Luiz Braz, acerca da tramitação e votação, na Casa, do Processo nº 2236/90. E, o Ver. João Dib, solicitou cópia do Requerimento de dispensa de distribuição em avulsos e interstício para a Redação Final do Projeto de Lei do Legislativo nº 152/90, e o Ver. Antonio Hohlfeldt solicitou cópias dos apanhados taquigráficos referentes à votação e alteração de espécie do Processo nº 2236/90. Durante a Sessão, os trabalhos estiveram suspensos das dezoito horas e vinte e três minutos às dezoito horas e vinte e quatro minutos, nos termos do artigo 84, I do Regimento Interno. Os trabalhos foram prorrogados, nos termos do “caput” do artigo 85 do Regimento Interno, segundo proposição da Presidência, aprovada pela maioria dos presentes. Às dezenove horas e quarenta e três minutos, constatada a inexistência de “quorum”, nos termos do artigo 71, Parágrafo Único, do Regimento Interno, o Senhor Presidente levantou os trabalhos da presente Sessão, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga, Lauro Hagemann e Wilton Araújo e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Wilton Araújo. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após ser distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Havendo “quorum”, declaro abertos os trabalhos da presente Sessão.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, para um Requerimento. Requeiro que, ouvido o Plenário, seja transposto o Grande Expediente pela Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Clóvis Brum, a Mesa colocará em votação nominal o seu Requerimento.

Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação do Requerimento.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal e colhe os votos.) Sr. Presidente, 21 Srs. Vereadores votaram SIM.

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADO o Requerimento do Ver. Clóvis Brum.

 

(Votaram SIM os Vereadores Clóvis Brum, Cyro Martini, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Letícia Arruda, Luiz Machado, Mano José, Omar Ferri, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo, Adroaldo Corrêa e Antonio Losada.)

 

O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa Requerimento do Ver. Giovani Gregol que requer nos termos regimentais seja alterada a Ordem do Dia, começando pelos Requerimentos. Encaminha o Ver. Giovani Gregol.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu pediria um minuto de atenção. Esta minha solicitação para que nós votemos primeiro os Requerimentos se deve à solicitação que foi feita a este Vereador, na qualidade de Presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara, pelo Fórum Nacional da Saúde, composto por dezenas de entidades profissionais e de outras áreas da saúde e que solicitaram, e neste sentido eu já encaminhei à Mesa uma solicitação para que no dia 7 de novembro, quarta-feira da semana que vem, que é o Dia Internacional de Luta pela Saúde e Contra os Vetos do Presidente Collor, à Legislação proposta e aprovada pelo Congresso Nacional por ampla maioria nesta área que inviabiliza a municipalização, os Vetos do Presidente.

Para que possamos aprovar então o período do Grande Expediente do dia 7, com esta finalidade, teremos que aprovar o Requerimento, Ver. Clóvis Brum. É apenas uma inversão, porque se nós entrarmos no assunto mais quente de hoje, nós não vamos depois conseguir votar os Requerimentos. Existe este risco.

Então, em nome não apenas pessoal, mas em nome principalmente do Fórum Nacional da Saúde, eu solicito aos Srs. Vereadores que aprovem o Requerimento deste Vereador. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Para um Requerimento, Sr. Presidente. Contemplando as preocupações do Ver. Giovani Gregol, eu adito ao seu Requerimento, ou apresento um outro Requerimento pedindo então que se vote, entre os Requerimentos, este Requerimento. Em segundo lugar o Proc. nº 1739/90, da fl. 03. O que vale dizer, Requerimento do Ver. Giovani Gregol e depois o Projeto dos comerciários.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Em aditamento ao Requerimento do Ver. Gregol e do Ver. Clóvis Brum, eu requereria, então, para o bom andamento dos trabalhos, para que não ficassem matérias outras que poderiam ser votadas, já que vai ser votado o Requerimento, que votássemos, então, todos os Requerimentos para limpar a mesa nessa área, uma vez que o outro Projeto é um Projeto que nós vamos passar a tarde votando e isso em cinco minutos nós encerramos.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós vamos pedir licença aos Vereadores para convidar a ex-Vereadora Jussara Cony, hoje Deputada Estadual, a fazer parte dos nossos trabalhos.

São quatro Requerimentos, nós temos que votar primeiro o Requerimento do Ver. Giovani Gregol.

Em votação. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, estamos entrando em votação dos Requerimentos. Estou apresentando um Requerimento para que se vote após os Requerimentos, então, a Ordem do Dia e que esta comece com o Proc. nº 1739/90.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Sobre a mesa, Srs. Vereadores, um Requerimento subscrito pelo Ver. Vicente Dutra, solicitando que o Proc. nº 2079/90, PLE nº 061/90 seja considerado em regime de urgência e submetido às Comissões para exame.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Sobre a mesa Requerimento do Ver. Gert Schinke, solicitando que o Proc. nº 1898/90, PLE nº 128/90, seja considerado em regime de urgência e submetido às Comissões para Parecer.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Sobre a mesa um Requerimento do Ver. José Alvarenga, requerendo Sessão Solene no dia 8 de novembro, dedicada a assinalar a luta dos povos árabes pela retirada das tropas estrangeiras do Golfo Pérsico.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos constantes na Ata.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos para a votação dos Projetos. PLCL nº 021/90, do Ver. Clóvis Brum. É exigida a maioria absoluta de votos para a votação. O Processo é o de nº 1739/90 e ele está na fl. nº 03.

 

O SR. OMAR FERRI (Questão de Ordem): Sr. Presidente, hoje pela manhã a Comissão de Justiça da Casa aprovou por 5 votos contra 2 um Parecer elaborado por este Vereador. Entendo que a tramitação deste Projeto de Lei não deveria ser na forma de Lei Complementar e sim na forma de Lei comum. Portanto, parece-me que neste caso, eu não sei se o Plenário vai deliberar a respeito da decisão da Comissão de Justiça e Redação.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa vai proceder à leitura. Para aprovarmos o Projeto é necessária a maioria absoluta de votos.

 

O SR. OMAR FERRI (Questão de Ordem): Caberia a observação da exigência da maioria absoluta.

 

O SR. PRESIDENTE: Ao aprovarmos o Projeto é necessária a maioria absoluta de fato, nada a ver com a Comissão. Este documento foi para lá a pedido do Ver. João Dib. Então, nós estamos recebendo o Parecer da Comissão de Justiça que já deliberou por 5 votos a 2. Não há necessidade de votarmos em Plenário. Essa necessidade poderia haver se fosse solicitado por algum Vereador, o que não aconteceu.

Solicito ao Sr. 1º Secretário que faça a leitura do Parecer da Comissão de Justiça e Redação.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Lê o Parecer.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 1º Secretário que faça a leitura do Requerimento do Ver. Clóvis Brum.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Lê.)

“Senhor Presidente:

Em razão da decisão da Comissão de Justiça e Redação, solicito a V. Exª que seja transformado o PLCL nº 021/90 em PLL, sendo aproveitado, no que couber, o procedimento legislativo pertinente.

            Sala das Sessões, 31 de outubro de 1990.

           (a)Ver. Clóvis Brum.”

 

O SR. PRESIDENTE: Nós estamos deferindo a solicitação do Ver. Clóvis Brum, respeitando a posição da Auditoria, da Comissão de Justiça e da Casa.

 

O SR. OMAR FERRI (Questão de Ordem): Eu fiquei com alguma dúvida. Automaticamente, se transformou um Projeto de Lei Complementar em um Projeto comum, por deliberação de V. Exª. Isto sana todo o formalismo que eventualmente o Regimento Interno poderia dispor sobre esta matéria?

 

O SR. PRESIDENTE: Nós estamos deferindo este Requerimento do Ver. Clóvis Brum, amparados pelo Regimento Interno e pela Lei Orgânica. Temos até um Parecer da Auditoria e da Comissão de Justiça.

 

O SR. OMAR FERRI: Gostaria de saber, para minha orientação pessoal, qual o artigo do Regimento Interno.

 

O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): O meu Requerimento foi solicitando a transformação do Projeto de Lei Complementar em Projeto de Lei Ordinária, aproveitando os procedimentos legislativos no que couber, primeiro, já correram Pauta, segundo, foi anunciado o Projeto, resolvido, então, o problema do anúncio das 48 horas e, em terceiro, o Projeto está na Ordem do Dia em função do art. 81 da Lei Orgânica, que dispensa os pareceres. Portanto, o Projeto está em condições de ser discutido e votado a partir deste momento.

 

O SR. OMAR FERRI: Entendo que as informações prestadas pelo Vereador são satisfatórias, agora, gostaria assim mesmo de ouvir as considerações de V. Exª.

 

O SR. PRESIDENTE: Vamos suspender os trabalhos por cinco minutos, porque a Mesa está em dúvida, porque altera a votação e o número de votos. Passamos de votação simples para absoluta. Estão suspensos os trabalhos por cinco minutos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h46min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 14h51min): Srs. Vereadores, já temos a posição da Auditoria da Casa. Vamos proceder a uma chamada nominal para verificação de “quorum”.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal para verificação de “quorum”. Há “quorum”, Sr. Presidente, 22 Vereadores responderam à chamada.

Declaramos empossado o Ver. Heriberto Back em substituição ao Ver. Flávio Koutzii, em Licença para Tratar de Interesse Particular.

 

O SR. PRESIDENTE: Temos o Parecer da Auditoria, conforme Requerimento do Ver. Clóvis Brum. Solicito ao Ver. Lauro Hagemann que proceda à leitura.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Lê.)

“Senhor Presidente:

Em atenção à consulta de V. Exª quanto ao Requerimento encaminhado à Mesa pelo Ver. Clóvis Brum, entendemos não haver impedimento de ordem jurídica para que sejam aproveitados na apreciação da matéria todos aqueles atos já praticados no procedimento legislativo, até esta data, tais como: encaminhamento à Mesa, Parecer Prévio, Pauta, e outros que não contrariem a essência do processo legislativo próprio do PLL nº 021/90, s. m. j.

          Em 31 de outubro de 1990.

  (a) Sueli Silveira de Moura - Auditor-Geral.”

 

O SR. PRESIDENTE: Para que fique registrado nos Anais da Casa a observação onde dizia: era exigida maioria absoluta de votos, agora passa a ser maioria simples.

Passamos à

ODEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO – URGÊNCIA

 

PROC. Nº 2236/90 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 152/90, de autoria do Ver. Clóvis Brum, que proíbe a funcionamento do comércio aos domingos e feriados e dá outras providências. Com Substitutivos nºs 01, 02, 03 e 04 e Emendas.

 

Observação:

- Incluído na Ordem do Dia, de acordo com o disposto no art. 81 da Lei Orgânica do Município.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 152/90. Para discutir está inscrito o Ver. Clóvis Brum.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meus cumprimentos inicialmente à Comissão de Justiça da Casa que decidiu favorável ao Parecer do Ver. Omar Ferri. Em segundo lugar, à Mesa tão serenamente dirigida pelo competentíssimo Ver. Valdir Fraga, que ao deferir o nosso Requerimento viabiliza, nesta tarde, que esta Casa, que os Vereadores, numa decisão histórica possam resgatar o direito de milhares de trabalhadores, direito já conquistado ao longo de um século de luta, direito já contemplado há mais de 50 anos entre as conquistas legais dos trabalhadores, que é o repouso semanal no domingo.

Ora, Sr. Presidente, a ganância de alguns maus empresários - estão querendo colocar-se acima dos direitos dos trabalhadores -, hoje querem mutilar o direito de milhares de trabalhadores no comércio, amanhã por certo irão mutilar o direito de milhares de trabalhadores de outras categorias profissionais. E assim, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero lembrar aos visitantes que não são permitidos aplausos ou quaisquer outras manifestações. Eu particularmente pediria que ao longo do meu breve discurso não fosse aplaudido, até porque Sr. Presidente, nesta tarde temos que decidir aquilo que queremos e até o que não queremos. Porque o mais importante nesta tarde é a votação desse Projeto, não sei onde anda o Ver. João Dib, ele é um homem que não falta as reuniões desta Casa, eu estou preocupado com a ausência excepcional do Ver. João Dib nesta tarde. Bom será que não nos traga uma surpresa do Poder Judiciário para evitar essa votação. Mas eu sou daqueles que dispõe de um velho dito popular, mais cedo ou mais tarde esta conquista dos trabalhadores não será derrubada por meia dúzia de homens colocados politicamente na defesa dos empresários, na pior posição da extrema direita nesta Casa. Agora eu espero, Sr. Presidente, que o Sindilojas, que o CDL, entrem na justiça contra esta votação, o que eu não espero é que um Vereador desta Casa, mais realista que o rei, tente defender os empresários aqui e na justiça. Sr. Presidente, eu não permiti aparte ao Ver. Zanella e não aceito que seja interrompido no meu pronunciamento.

Ora, Sr. Presidente, qual é a alegação dos inimigos dos trabalhadores, dos maus empresários, porque temos os excelentes empresários. Quais são as alegações? De que o comércio aberto aos domingos vai aumentar as vendas. Mas como pode aumentar a venda do comércio aberto aos domingos se a população já não tem dinheiro para comprar de segunda a sábado. De que maneira? Agora querem transformar a atividade normal de ordem econômica, atividade de lucro, como se fosse uma atividade essencial, como se fosse a prestação de um serviço essencial como são os hospitais, como são os bombeiros, como são os órgãos de segurança pública, como é o fornecimento de energia elétrica, como é o fornecimento da água, esses são serviços essenciais, mas a ganância de alguns empresários querem transformar a atividade lucrativa do comércio em atividade essencial. Aqui não há lugar para esta tentativa. E agora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, coloco na mesa esta discussão, na consciência do julgamento de cada Vereador desta Casa que tem uma família. Este Projeto tem um objeto sim, não é fechar o comércio dos maus empresários. O objetivo social deste Projeto tem nítida noção, clareza absoluta porque entendo, Sr. Presidente, que de nada valeria a discussão sobre a educação, de nada valeria a discussão que nós travaremos daqui a poucos dias sobre a legislação dos Conselhos Tutelares. De nada valeria a discussão sobre os aspectos do plano de desenvolvimento econômico de uma nação, se no bojo desta discussão nós castrássemos a presença da instituição de maior vulto que a humanidade conhece que é a família. Não há sociedade sem família, Sr. Presidente, e não há nação que sobreviva sem a sociedade. Portanto, querer minimizar esta instituição de maior vulto que é a família, no mínimo, Sr. Presidente, causaria um profundo desencanto àqueles que têm uma família e que amam a sua família.

Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, querer abrir o comércio aos domingos para que 200 clientes comprem e coloquem a trabalhar forçosamente cerca de 100 mil comerciários, isto não é justo! E não me venham com alegações de que o Projeto tinha que ser divulgado amplamente pela imprensa! Ele foi debatido amplamente pela imprensa. E não me venham com divulgações de que o meu bairro é esse ou aquele e precisa ter o comércio aberto! Hoje temos uma discussão política acima de tudo, claro que temos. Hoje, ou se vota a favor dos trabalhadores ou se vota contra os trabalhadores, não há duas discussões, é uma só que vai se travar neste Plenário, Sr. Presidente. Não vamos colocar panos quentes neste assunto. A discussão é clara, é cristalinamente transparente. Ou nós queremos que os patrões obriguem seus trabalhadores a trabalhar domingo e se estes não forem, serão sumariamente demitidos, ou então nós votamos com os trabalhadores, impedindo que os patrões exerçam sobre eles uma autoridade que não lhes cabe, que exerçam sobre eles – eu até posso dizer, usando uma frase do Sindicato dos Comerciários – até princípios fortes de escravidão. Aliás, saiu nos jornais de hoje que há uma empresa que está trabalhando com mão-de-obra escrava. Hoje é o dia do resgate! Ou se resgata o direito dos trabalhadores ou se vota em benefício dos maus patrões! Andou bem o Ver. João Dib num programa de rádio, hoje, dizendo que nós fizemos pesquisa com os comerciários. É verdade. E ele também não cochilou. Dizia ele: “Fiz pesquisa com alguns empresários e eles são contra que o comércio abra aos domingos.” Ora, se são contra que o comércio abra aos domingos, por que não se manifestaram? Eu deixo de analisar uma proposta que o Ver. Zanella pretende apresentar, até em contrapartida a algumas atitudes que ele tem tomado neste Plenário, e que eu jamais tomarei por uma questão de ética. Na oportunidade, vamos debater as suas propostas. Mas eu não tenho dúvidas, Ver. Zanella, que nenhuma delas vai ser em favor dos trabalhadores, isto eu antevejo. Não conheço o texto, mas conheço o autor. Então, eu estou muito tranqüilo, Sr. Presidente, partindo do Ver. Dib, partindo de outros Vereadores nesta Casa, que têm-se posicionado contra o Projeto, eu não espero nada que venha a favorecer os trabalhadores. Sr. Presidente, o meu voto é muito sereno; o meu voto é em favor da instituição de maior vulto que a humanidade conheceu: a família. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Wilton Araújo.

Aproveito para informar ao Plenário e aos visitantes que temos 15 oradores inscritos até agora. Então, são 01h50min de discursos.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, saudamos os comerciários, as suas organizações hoje aqui presentes, e até elogiamos a organização, a mobilização que esta categoria tem demonstrado durante muito tempo. E hoje, mais uma vez mostra a sua pujança e a sua participação.

É assim que os Representantes do povo querem ver a comunidade. É assim que nós, Vereadores, queremos ver todas as comunidades e todos os segmentos da sociedade: organizados, pressionando, reivindicando, trazendo a esta Casa e às Casas Legislativas, dando a legitimidade aos nossos mandatos. Por isso saudamos a participação forte de vocês aqui.

Mas, Srs. Vereadores, hoje mais um Projeto polêmico, polêmico no sentido de que contraria muitas coisas e muitos arautos aí, que estamos vendo nos últimos tempos, nos últimos dois anos ou um ano e meio.

Quando no mundo existem transformações, e transformações existem no Leste Europeu, na União Soviética, nos outros países, e aí muitas pessoas vêm no mundo trazendo a sua mensagem, tentando vincular essas transformações com a ampla derrocada, com o desaparecimento de idéias e de fatos que a história demonstra estarem certos. Muitos desses arautos vêm aproveitando esta onda de transformações para - aí concordando com o Ver. Clóvis Brum - utilizar, utilizado pelos maus empresários agora, para tentar escravizar, tentar trazer o desconforto, trazer a falta de lazer, de participação comunitária, de tudo um pouco que os comerciários estão ameaçados. E não só os comerciários. Nós temos em nível Federal um Governo, Governo do Presidente Collor, com perdão da má palavra, que vem pregando e colocando em prática, através de vários Decretos, através de várias Medidas Provisórias, através do desrespeito continuado ao Congresso Nacional, vem achatando os salários, vem provocando a recessão a nível econômico e vem trazendo desconforto social para todos nós, especificamente na área do comércio e vocês devem saber. Editou Decreto em agosto de 1990, Decreto nº 99.467, que libera o funcionamento aos domingos do comércio varejista em geral. Ora, como se um decreto presidencial pudesse a qualquer momento, a qualquer hora, inverter, subverter tudo que anos e anos de luta, toda uma sociedade conquistou, e não só a nossa sociedade, o mundo inteiro. O Presidente Collor desrespeita com esse Decreto nada mais nada menos do que a Organização Internacional do Trabalho e uma Convenção de nº 106, que passou a vigorar no âmbito internacional em 1959.

Agora os novos tempos, os novos ares, a nova cara do Brasil e do mundo, através do Collor quer inverter isto, quer subverter esta conquista. Ora, este Decreto é de todo odiado no País. Estão sendo feitos os movimentos, não só dos comerciários, todos os trabalhadores devem se engajar a esse movimento contra este Decreto, Decreto que nós taxamos de fascista. Já antes do Decreto, antes da Organização Internacional do Trabalho, já a Consolidação das Leis do Trabalho de 1943, já desde esta época, é consagrado o domingo como descanso. E vocês, comerciários, já têm este direito desde 1943.

Então, não é uma simples discussão aqui, acho que esta votação, hoje, na Casa do Povo de Porto Alegre pode significar o início da inversão de um processo que vem se estabelecendo no País com muitos ventos a favor de todo o Governo Federal. É claro que existem exceções, todos vocês sabem, existe a exceção de serviços, onde comerciários são trabalhadores essenciais. É claro que o movimento tem e deve reconhecer estes serviços essenciais que precisam ser preservados. Não é o caso das lojas.

E vemos com muita tristeza o Presidente do Sindilojas; pessoa que considerávamos boa, sã, com interesses bons para a sociedade, mas quando ele declara no Jornal Zero Hora do dia 14 de outubro, que prevê que poucos trabalhadores se enquadram aos novos tempos, terão que se adaptar aos novos tempos ou serão demitidos, diz textualmente num jornal de ampla circulação. Vejam, este cidadão representa todos os comerciantes; acho que nesta entrevista não. Não acredito que estes anos de luta, de conscientização, de amadurecimento, inclusive dos empresários, possa ter acontecido uma regressão tão grande, tão enorme, como faz transparecer o Presidente do Sindilojas.

Hoje, aqui, os Vereadores têm uma grande responsabilidade. Responsabilidade não só de dizer “domingo não!”, mas a responsabilidade de iniciar o processo contra este malfadado Decreto que engloba todos, em nível nacional. Porto Alegre pode passar a ser a primeira Cidade, e tenho a certeza que vai ser a primeira, por sua composição progressista. Aqui, para que todos saibam, as grandes Bancadas, as maiores, a maior composição da Casa está composta pelos partidos progressistas de esquerda: PDT, PT, PSB, PCB, PTB e PMDB, todos partidos progressistas. Esses, tenho certeza dirão sim ao Projeto, excelente Projeto do Ver. Clóvis Brum, e a ele me filio porque é uma questão de coerência. Sempre defendemos esta linha de atuação. Não vão ser alguns poucos maus comerciantes que vão tentar ameaçar conquistas por muitos e muitos anos. A luta de vocês está absolutamente correta, mobilização que eu elogiava no início tem um significado mais profundo. Gostaria de vê-los, a partir de hoje, também lutando, brigando, se articulando, unindo-se contra esta luta maior que é o Decreto e atrás dele aquilo que está por aí: “os novos tempos”, a fachada do Collor. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, para um Requerimento. V. Exª acaba de informar a Casa de que são quinze os Vereadores inscritos para a discussão do Projeto. Se levarmos em conta a discussão do Projeto e se levarmos em conta que o prazo regimental é de 10 minutos, seriam só com estes quinze, duas horas e meia de discussão. É evidente que outros Vereadores se inscreverão, poderemos ir a cinco horas e meia de discussão sem levarmos em conta os encaminhamentos. Eu requeiro que sejam ouvidas as Lideranças das Bancadas da Casa, que se faça um acordo e se reduza o tempo de discussão para no máximo cinco minutos para cada um, para que se possa reduzir bastante o prazo de discussão, até em atenção aos comerciários aqui presentes.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Em respeito ao público é de bom alvitre aceitarmos o Requerimento feito pelo Ver. Dilamar Machado.

 

O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, para contraditar o Requerimento do Ver. Dilamar Machado. Sr. Presidente, o que mais se reclamou hoje pela manhã, na Comissão de Justiça e Redação foi justamente este aspecto da publicidade. Em segundo lugar, se levantarmos questões relativas à importância da matéria que este Projeto de Lei traz, ora, os comerciários estão todos aqui presentes, acho que estão todos satisfeitos acompanhando o posicionamento de cada um dos Srs. Vereadores. Eu me permito considerar que dada a importância da matéria, não seria neste Projeto de Lei que haveríamos de reduzir o tempo regimental de que dispomos. Sr. Presidente, quantas vezes se discutiram bobagens nesta Casa com tempo ilimitado. Considero um absurdo o Requerimento do Ver. Dilamar Machado e encaminho contrariamente pedindo que os Vereadores se manifestem neste sentido.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Acho que V. Exª como Presidente da Casa se antecipou até ao que eu ia fazer o apelo. Eu não vou falar nesta tarde, mas eu entendo que nós temos um Regimento e, salvo a maioria da Casa votando a favor nós modificaríamos o Regimento, e acho que isso complicaria, não para hoje, mas abriria um precedente para o futuro.

 

O SR. PRESIDENTE: Mas a Mesa não teria nenhum problema em colocar em votação.

 

O Sr. Wilton Araújo (Questão de Ordem): Eu me filio àqueles que gostariam que todos os Vereadores falassem 10 minutos, mas me parece não ser este o assunto do momento. O assunto é: gostaria que fosse retirada dos Anais da Casa a afirmação do Ver. Omar Ferri de que são discutidas bobagens por muito tempo nesta Casa. Eu, durante o tempo que sou Vereador, não discuti bobagens dentro desta Casa.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Omar Ferri, V. Exª permite a retirada?

 

O SR. OMAR FERRI: Em homenagem aos meus colegas e companheiros até que eu admito a retirada. Como é que as notas políticas dizem hoje quando apóiam um candidato? Com posicionamento crítico. Eu retiro, mas fico com meu posicionamento crítico.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Omar Ferri.

 

O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o art. 13, inciso II, da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul diz que é competência do Município, além da prevista na Constituição Federal e ressalvada a do Estado: “dispor sobre o horário de funcionamento do comércio local.” Por sua vez o art. 9º da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre diz que compete ao Município, no exercício de sua autonomia, inciso XII: “coordenar as atividades urbanas fixando condições e horário para atender ao público de estabelecimentos bancários, industriais, comerciais e similares”, é o caso, observadas as normas estaduais pertinentes.

Foi, portanto, entendo eu, com base nos dispositivos da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul e da Lei Orgânica do Município que o Ver. Clóvis Brum propôs à deliberação deste Plenário deste Projeto de Lei que proíbe o funcionamento das casas de comércio e estabelecimentos congêneres nos domingos e dias feriados. Estou de pleno acordo com o Ver. Clóvis Brum. Vou votar favoravelmente à sua proposição com exclusão de todas as demais Emendas propostas pelos Srs. Vereadores da Casa, porque entendo que o Projeto de Lei assim como foi apresentado tem o mérito de dirimir qualquer dúvida que a matéria pudesse nos ensejar.

Portanto, votarei favorável à proposição do Ver. Clóvis Brum e não votarei nas demais proposições apresentadas, com todo respeito, pelos Vereadores José Valdir, Leão de Medeiros e Isaac Ainhorn. Agora, o problema é se jurídica, ética e moralmente, os empregados do comércio têm ou não têm razão de se fazerem presentes pedindo a nossa solidariedade, o nosso apoio. Se fosse só uma deliberação da vontade individual e coletiva dos senhores funcionários do comércio, eu até poderia levantar alguma dúvida. Mas quando é a própria lei nacional, federal, brasileira que confere razão às reivindicações dos comerciários, esta Casa tem que se curvar e tem que votar favoravelmente à proposição. Dirão os Vereadores e dirá esta seleta assembléia aqui presente, onde está a razão legal? Poderia algum Vereador propor e formular a seguinte indagação, mas há questão de uns dias atrás, S. Exª o Sr. Presidente da República, com o perdão da palavra, não exarou Decreto tendo por objetivo a possibilidade decorrente de acerto sindical de funcionarem os estabelecimentos comerciais aos domingos e feriados? Este Decreto existe, mas é necessário que igualmente se indague se este Decreto pode viger frente e face a uma Lei Federal. E eu digo aos Srs. Vereadores que não. E, conseqüentemente, os senhores empregados do comércio de Porto Alegre têm razão. E, para isso, assinalo as disposições do art. 8º da Lei nº 605, de 05 de janeiro de 1949, que o próprio Projeto de Lei ressalvou, quando no seu art. 8º diz: “Excetuados os casos em que a execução do serviço for imposta pelas exigências técnicas das empresas, é vedado o trabalho em dias feriados, civis e religiosos. Garantida, entretanto, aos empregados a remuneração respectiva, observados os dispositivos dos artigos 6º e 7º desta Lei.” Portanto, a Lei Federal proíbe o trabalho nos dias que são feriados civis e religiosos. O que são exigências técnicas? Elas nos são informadas pelo Parágrafo Único, do art. 5º, da Lei nº 605, que entrou em vigor em 05 de janeiro de 1949 e que dispõe sobre o descanso semanal remunerado. Diz o Parágrafo Único: “São exigências técnicas para os efeitos desta Lei as que pelas condições peculiares às atividades da empresa, ou em razão do interesse público, tornem indispensável a continuidade do serviço.” Não é o caso dos senhores. O caso dos senhores moralmente tem dois pilares a confortá-los: em primeiro lugar, fiz uma pesquisa pessoal junto aos proprietários de lojas desta Capital, dos proprietários que estão à testa de suas empresas, de seus serviços, de suas atividades e de seu comércio. Estes trabalham todos os dias da semana, das oito da manhã até às oito da noite, inclusive aos sábados e querem o descanso no domingo, porque os outros, os grandes empresários desta Cidade, já na sexta-feira à tarde vão descansar, vão para a praia, se recolhem aos seus sítios. Por que é que eles devem ter descanso em domingos, feriados e dias santos e nós não? Em segundo lugar pergunto: como pode viger um Decreto Presidencial frente a uma Lei Federal? Considero, por via de conseqüência, completamente nulo, sem eficácia moral, jurídica e legal, o Decreto do Presidente da República que permite o trabalho nos domingos e feriados, porque este Decreto tem sua vedação expressa firmada no art. 8º da Lei nº 605, de 1949. É por isso que eu apelo e conclamo aos Srs. Vereadores para que se decidam exclusivamente em favor da aprovação do Projeto de Lei que é colocado à disposição deste Plenário pelo Ver. Clóvis Brum, para que seja aprovada a sua proposição ou do Projeto de Lei, que é posto à deliberação deste Plenário pelo Ver. Clóvis Brum, para que seja aprovada a sua proposição, o seu Projeto de Lei, e não levar em consideração as demais Emendas que compõem o Processo.

Agradeço a atenção dos Srs. Vereadores e deste Plenário. Acho que votando desta maneira, nós, os Vereadores, teremos cumprido com o nosso dever em altas expressões de espírito. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito é o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, senhores comerciários. Parece que hoje estamos discursando para poucos Vereadores presentes, mas de muita qualidade. Tenho certeza absoluta que esta tarde vai ficar marcada nos Anais desta Casa como uma das tardes de vitória do Legislativo Municipal e das suas peleias, buscando o direito dos trabalhadores.

Talvez sejamos aqui nesta Casa, nós que já estamos na segunda Legislatura, o Vereador que há mais tempo busca o direito dos comerciários de terem um descanso mais digno, de poderem conviver mais tempo com suas famílias, de poder fazer com que os pais e os filhos possam se encontrar mais tempo. E juntamente com o Sindicato dos Comerciários, desde a Legislatura passada, buscamos através daquele projeto que se intitulou na Casa de sábado-inglês, o direito dos comerciários de terem, também, à sua disposição o sábado à tarde naquelas atividades que são reguladas pelo Município. Já dissemos várias vezes desta tribuna que nem todas as atividades podem ser reguladas pelo Legislativo Municipal. Algumas destas atividades estão reguladas pela Lei nº 605, ou pelo menos no regulamento desta Lei, que é o Decreto nº 27.048, de 1949. É do mesmo ano da Lei nº 605. E existe uma série de atividades que são mencionadas neste Decreto e que não passam pela Câmara Municipal. São atividades que são reguladas por esta Lei Federal. E, portanto, não estão em discussão hoje, aqui.

Eu ouvi, por exemplo, do Presidente do Sindicato, meu amigo Barbosa, que daqui um pouco o pessoal do Mercado Público viria para cá para poderem participar desta pressão, entre aspas, uma boa pressão que os comerciários fazem em cima do Legislativo para verem aprovado seu Projeto. Mas vejo que entre as atividades relacionadas por este Decreto-Lei, por exemplo, as atividades exercidas no Mercado Público estão incluídas na Lei Federal. Então, na verdade, as atividades do Mercado Público não estariam sendo reguladas na sua maioria aqui por este Projeto que está sendo votado hoje, por exemplo, o mercado de peixe, carne fresca, gêneros perecíveis, tudo isso está na relação do Decreto que regulamenta a Lei nº 605 e, portanto, não estaria sendo votada hoje por este Legislativo. Não passa por nossa regulamentação, não adianta votarmos sim ou não, porque estas atividades continuarão sendo regulamentadas pela Lei Federal. Mas fiz questão de trazer a regulamentação da Lei nº 605, porque este foi o segundo texto legal a tentar dizer que o domingo, preferentemente, não obrigatoriamente, seria o dia destinado ao descanso dos trabalhadores, e isso no seu art. 1º, Decreto nº 2748 diz que: “Todo o empregado tem direito a repouso remunerado, num dia de cada semana, preferentemente aos domingos”, e não obrigatoriamente, e segue, “nos feriados civis e religiosos, de acordo com a tradição local, salvo as exceções previstas neste regulamento, que são, exatamente, aquelas atividades descritas e reguladas apenas neste Decreto”. Mas a CLT talvez tenha sido o primeiro texto legal a regular o descanso remunerado nos fins de semana, exatamente no seu artigo 67, diz assim: “Será assegurado a todo empregado o descanso semanal de 24 horas consecutivas, o qual, salvo motivos de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte”, e é exatamente em cima disso aqui que o Presidente Collor de Mello fez o seu Decreto, ele procurou afastar o art. 67 da CLT que praticamente proibia que qualquer tipo de atividade que não fosse imperiosa para a vida da população fosse exercida no domingo. E o Presidente Collor, com o seu Decreto tornou absolutamente facultativo o trabalho aos domingos. Dependeria, então, apenas da vontade dos Legislativos Municipais e não da vontade dos empresários, porque o art. 30, inciso I da Constituição Federal também regula muito bem essa matéria.

A Constituição Federal no seu artigo 30, inciso I, já diz que naquelas atividades que são do interesse da comunidade, estas atividades são reguladas por leis municipais. Por isso mesmo a importância deste Projeto de Lei do Ver. Clóvis Brum. Nós, inclusive, no começo da tramitação deste Projeto, nós, para que tivesse êxito o Projeto do domingo, nós que tínhamos o Projeto do sábado-inglês tramitando aqui nesta Casa e mesmo contando com a incompreensão de algumas pessoas que achavam que nós não deveríamos retirar o nosso Projeto, mas nós vimos como a única alternativa para votarmos com tranqüilidade o Projeto do domingo, nós retiramos o Projeto do sábado para que o domingo pudesse ser votado separadamente, porque eu explicava, e inclusive hoje pela manhã falava para uma emissora de rádio que muitas vezes este Projeto do sábado-inglês já foi votado aqui nesta Casa.

Na Legislatura passada nós votamos o Projeto do sábado-inglês por três oportunidades, e hoje, por exemplo, no Substitutivo do Ver. José Valdir, que apresenta o sábado-inglês como Substitutivo ao Projeto do domingo, nós vamos ter uma outra oportunidade de votar este Projeto aqui nesta Casa. Nas três vezes que nós votamos aqui o sábado-inglês, nós fomos derrotados apesar de toda a luta, não penas nossa, aqui do Legislativo e de alguns Vereadores, mas do próprio Sindicato e de toda a categoria que esperava o sucesso na votação do sábado-inglês. Para que nós não tivéssemos o domingo sendo derrotado junto com o sábado-inglês, nós retiramos nosso Projeto para caírem aqueles outros Projetos que eram Substitutivos ao nosso e que queriam que o domingo fosse votado junto com o sábado. Hoje vai acontecer isto aqui. Hoje, através do Projeto do Ver. José Valdir, o sábado-inglês vai estar em votação juntamente com o Projeto do domingo, da proibição do domingo. E eu até fiz uma pergunta antes para o Ver. José Valdir e fazia uma pergunta também para a Diretoria Legislativa desta Casa, se porventura o Projeto do Ver. José Valdir for derrotado hoje como Substitutivo, qual será o futuro da votação deste Projeto aqui nesta Casa. Será que ele poderá, Ver. Omar Ferri, V. Exª que é um estudioso da Lei Orgânica do Município e também do Regimento Interno desta Casa, será que ele poderá ser votado novamente como matéria derrotada se for derrotado hoje aqui? Ou será que nós teremos que aguardar o ano que vem novamente para votarmos o sábado-inglês?

Ver. Omar Ferri, por favor...

 

O Sr. Omar Ferri: Dizendo que o Regimento Interno permite que um Requerimento formulado pela maioria dos Vereadores pode ensejar a reapreciação da Casa desta matéria.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Agora, sem a assinatura da maioria, só no ano seguinte. Quero dizer para os comerciários presentes e para os Vereadores da Casa que, como talvez tenha sido um dos primeiros defensores do descanso do comerciário, nós não vamos fugir a esta velha luta. Vamos votar, hoje, primeiramente o Substitutivo do Ver. José Valdir que permite o sábado-inglês e também o fechamento do domingo. E dizia para o Ver. José Valdir que este vai ser mais um teste do sábado-inglês frente a este Plenário. Derrotado o sábado-inglês, na forma em que foi proposto pelo Ver. Valdir, que é a forma tradicional, eu disse a ele que eu contaria também com o apoio dele e da Bancada do PT para a forma como estamos propondo, que é uma experiência que faríamos em janeiro e fevereiro e em alguns meses do ano para que pudéssemos introduzir o sábado-inglês e posteriormente depois da aprovação da Cidade, quem sabe introduzi-lo durante todo o ano. Esta foi a proposta que eu fiz para o Ver. José Valdir e faço para os demais Vereadores da Casa. Vamos fazer um teste hoje na votação do Substitutivo do Ver. José Valdir e quem sabe sejamos vitoriosos, mas se não formos, peço que haja grandeza por parte da Bancada do PT e que votem a forma como estamos apresentando o sábado-inglês, em janeiro e fevereiro, como experiência para que depois possamos estendê-lo para os demais meses do ano. Votaremos primeiramente com o Substitutivo do Ver. José Valdir e posteriormente, se derrotado o Substitutivo do Ver. José Valdir, votaremos com o Projeto do Ver. Clóvis Brum. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Com a palavra o Ver. Leão de Medeiros.

 

O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, srs. comerciários que estão nas galerias. É crucial que a lei segue os usos e os costumes. Isto significa que a lei deve satisfazer os propósitos da sociedade. (Lê.)

“É da essência da lei agasalhar o interesse público. Por isso mesmo se atribui aos parlamentos, como detentores do poder que emana do povo, a grave responsabilidade de pesquisar e de analisar as tendências sociais em diferentes momentos da sociedade. Feita a pesquisa e interpretados seus resultados, os parlamentos elaboram a lei como norma prévia e tacitamente aceita, e não como imposição ditatorial. A lei resulta, pois, e em última análise, da opinião dominante em determinado momento na sociedade. Daí a sábia alternativa que permite a revogação da lei velha, que já não corresponde aos interesses vigentes em dado momento da vida social. Ora, se qualquer lei pode ser discutida e contestada, pode também ser revogada quando diverge de uma nova situação social hegemônica.”

Dentro desta idéia geral, apresentamos o Substitutivo nº 03 ao Projeto de Lei nº 021/90, que proíbe o funcionamento do comércio nos domingos e feriados. Segundo nosso Substitutivo, fica facultado no Município o funcionamento do comércio em domingos e feriados, respeitadas as normas de proteção ao trabalho estabelecidas em acordos ou convenções coletivas.

A proposição nos parece perfeitamente clara. Não proíbe o trabalho aos domingos e feriados e nem obriga o cidadão a trabalhar na folga semanal ou nos dias comemorativos. Apenas faculta o trabalho nestes dias, ou seja, deixa ao critério do cidadão, em primeiro lugar, e dos sindicatos de trabalhadores e patrões, em segundo lugar, a fixação de acordos ou convenções sobre a conveniência ou não do trabalho nos domingos e feriados. Tenho a certeza de que a redação que dei ao art. 1º do Projeto de Lei satisfaz a todos. A faculdade proposta coloca nas mãos dos sindicatos a decisão democrática que deve surgir da deliberação cuidadosa e inteligente da maioria verdadeiramente representativa.

A proibição pura e simples do trabalho aos domingos e feriados fere os princípios de liberdade e os eventuais interesses da maioria da população, que tem que ser ouvida. A grande maioria das pessoas, as que realmente decidem sobre as compras em geral, trabalham todos os dias da semana, e por isso não têm possibilidade de percorrerem o comércio varejista e nem pesquisarem sobre preços, os mais convenientes. Essas pessoas não foram ouvidas. E não falo do rico, ele tem tempo para ir ao comércio nos dias em que este está aberto. Eu falo do pobre, do trabalhador, da classe média que tem no fim-de-semana de pesquisar preço. E essas pessoas não foram ouvidas. Todos nós sabemos que nas vilas, na periferia, o pequeno comércio funciona, sim, aos domingos. Quem não sabe disso? E, no entanto, aprovada essa Lei, esse comércio estará sacrificado e estará sacrificado, também, o consumidor da periferia. Quem ignora que pequenas sapatarias das vilas, pequenas lojas comerciais de miudezas e armarinhos estarão sendo sacrificadas por esta Lei. Absurdo, essa gente não foi ouvida, o Projeto sequer correu Pauta nesta Casa. Um Projeto tão polêmico, que traz tanta gente para apreciá-lo, não correu Pauta, não foi discutido e, na verdade, está sendo hoje atropelado. Ninguém cogitou sobre um plebiscito, que é uma das armas da cidadania tão ardentemente defendidas pelos partidos ditos progressistas. Ademais, me parece que juridicamente, Ver. Clóvis Brum, o Projeto peca por imperfeições.

A Constituição Federal, que rege o regramento de todos nós, não veda explicitamente o trabalho aos domingos. Apenas estabelece o repouso semanal remunerado. E a Lei Municipal pretende proibir esse comércio aos domingos. Será que voltou o autoritarismo em Porto Alegre exatamente por aqueles que acusaram o período anterior de autoritário? Querem revigorar uma palavra maldita por todos nós, que é a palavra proibir, e que está agora sendo revigorada por aqueles arautos do liberalismo de então. Se não está proibido na Constituição Federal o funcionamento do comércio no domingo, então ele está permitido, respeitada evidentemente a folga remunerada. Ademais, a nossa Lei Orgânica apenas determina que se regule o horário de funcionamento do comércio e não trata da proibição do comércio. De outro lado, o repouso semanal, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, visa atender uma histórica aspiração de todos os homens e mulheres que trabalham, mas nada determina na Lei Maior que o dia da folga semanal remunerada tenha de ser necessariamente no domingo. Muitas profissões não os têm. E o aspecto religioso, muitas vezes invocado para proibição do funcionamento do comércio no domingo, também merece reparos. A tradição religiosa sobre a santidade do dia do Senhor nasceu no seio de uma sociedade que não tinha a complexidade de agora. A santificação do domingo foi naquele momento um instrumento útil para a manutenção do feriado semanal, mas tal crença na verdade é uma crença pragmática, nada tem a ver com a complexidade da vida moderna. Todos querem na verdade se divertir nos sábados e domingos, mas esta diversão, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, deve pagar tributo ao trabalho, pois um grupo cada vez maior de pessoas trabalham nesses dias. Estas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, são respeitosamente as minhas razões. Assim então peço, apelo que acima do sentimento prevaleça a razão. Que deixemos de lado as paixões. Vamos raciocinar para ver o que realmente é melhor para a Cidade. Eu espero, tenho a certeza que a Câmara tenha a sensibilidade suficiente para decidir da melhor maneira possível em benefício de toda a coletividade, e não em suposto benefício de uma parcela da comunidade que aí está e que se acha dividida também, quem não sabe? Acho prudente, sem isenções, que se faculte o trabalho nos domingos e feriados, abandonadas as idéias retrógradas da proibição ou da imposição de trabalho. Em nome da liberdade, discordo da proibição total do trabalho nos domingos e feriados porque é juridicamente inconstitucional, é atentatório à liberdade, é prejudicial aos interesses da grande maioria da população, que sequer foi ouvida. Transformada em lei, a proibição do trabalho nos domingos estará sujeita a ser levada pela dinâmica da sociedade. Todos nós ficaremos com a “cara no chão” porque quem regula e mercado é a própria convivência social.

Sustento, assim, respeitosamente, aos comerciários aqui presentes, as minhas convicções, a minha formação, pela conveniência de se facultar o trabalho nos domingos e feriados, uma vez obedecidos, evidentemente, os ditames da legislação trabalhista. Querem os comerciantes abrir aos sábados? Que abram! Aos domingos? Abram também! E assumam a responsabilidade e os riscos que vão ter no seu patrimônio de abrir suas lojas com os custos muito mais elevados do que nos dias úteis! Querem correr esse risco? Que abram! Querem outras pessoas ser comerciárias, tendo acesso ao mercado de trabalho? Que tenham tal acesso! O que nós não podemos, Vereadores de Porto Alegre, é impedir e cercear tais iniciativas. Posiciono-me contra o Projeto original e a favor do meu Substitutivo. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Wilson Santos.

 

O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, platéia que lota essa galerias constituída notoriamente pela classe comerciária. Eu tenho defendido desta tribuna uma posição que já se tornou conhecida nesta Casa e conhecida de alguns comerciários com quem já debati este assunto dentro do mais alto respeito e dentro da mais alta consideração. Eu defendo a liberdade da atividade mas não deixo de registrar a preocupação que tenho com um País que está não apoiado no ordenamento jurídico institucional, mas apoiado pelo vértice: é um País que tem se mostrado muitas vezes do lado do avesso, onde as leis não são respeitadas. O que tenho batido é que haja uma mobilização da classe trabalhadora, que se conscientizem os seus representantes populares a serem perseguidores cruéis daqueles que desrespeitam a lei, porque quem não acompanha a luta da classe trabalhadora, para ser mais dignificada a classe no que tange à mão-de-obra que apresenta ao trabalho em si. E a conquista está estendida aos trabalhadores, pois a jornada de trabalho foi reduzida para 44 horas.

Então, quando defendo a liberdade da atividade, defendo concomitantemente o respeito à jornada de trabalho, porque uma jornada de trabalho de 44 horas impõe ao trabalhador que trabalhe de segunda à sexta, oito horas e tem que trabalhar apenas quatro horas no sábado. Isto é o que determina a Lei. Ora, o que eu defendo é a liberdade da atividade: que a atividade do comércio funcione, seja livre para funcionar. Se entender o comerciante em determinada atividade, em determinado ramo do comércio de funcionar no domingo, que ele funcione abrindo um mercado de trabalho para novas famílias. Porque me soa nos ouvidos ainda, o discurso inicial do Ver. Clóvis Brum onde ele fala da defesa e da preocupação que tem que se ter com a família. Eu tenho preocupação. Eu tenho atacado o projeto econômico do Presidente Collor, porque é um projeto com uma cobertura curta: tapa a cabeça e destapa os pés, porque se vangloria de dizer que está combatendo a inflação, mas está entrando no mais cruel processo de recessão, engessado, estancando o desenvolvimento e o monstro do desemprego. Eu sou um Vereador que dou atendimento público todas as segundas-feiras de manhã, na Assis Brasil nº 6.410, no Salão Paroquial da Igreja São José. E lá eu vejo o que é a tristeza, a miséria, a amargura de um chefe de família cuja família está desempregada.

Então eu acredito que a abertura de uma atividade, respeitada a jornada de trabalho, nós estaremos oferecendo trabalho e salário para uma massa de desempregados que aumenta dia a dia. Eu também compreendo a indignação, até porque sei os motivos da indignação do Ver. João Dib. Mas até quero dizer que o Ver. Clóvis Brum quando falou, disse que o Ver. João Dib tinha uma pesquisa feita com os empresários e ele tinha uma pesquisa feita com os comerciários. E foi a primeira coisa que anotei do pronunciamento do Ver. Clóvis Brum. E evidentemente sei que a classe comerciária não deseja.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só para estabelecer a verdade, eu nunca disse que tinha pesquisa feita por empresário, por funcionário ou por quem quer que seja.

 

O SR. WILSON SANTOS: Então, eu entendi mal.

 

O Sr. Clóvis Brum: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Hoje pela manhã o Ver. João Dib, falando na Rádio Bandeirantes, informou que este Vereador fez pesquisa junto aos comerciários e que ele sabia que vários empresários nem queriam abrir os seus estabelecimentos, até porque ele também fazia as suas pesquisas ou perguntas. Mas realmente esta foi a posição do Ver. João Dib na entrevista para a Rádio Bandeirantes. Está gravada.

 

O SR. WILSON SANTOS: Bom, foi infeliz o Ver. Clóvis Brum no seu pronunciamento quando disse, porque eu ouvi ...

 

O Sr. Clóvis Brum: Que o Vereador falou com os empresários, fez pesquisa.

 

O SR. WILSON SANTOS: Pesquisou junto aos empresários? Ah! Eu não quero elaborar em erro, Ver. Clóvis Brum. Eu ouvi de V. Exª e não estou aqui lhe fazendo crítica alguma. Eu colhi o que V. Exª disse e quero concluir o meu raciocínio, porque V. Exª disse que havia feito uma pesquisa com comerciários. E que o Ver. João Dib havia feito a sua pesquisa. E V. Exª disse que junto aos empresários.

Então evidentemente que não estou aqui para defender classe patronal ou empresarial. A minha atitude é uma atitude clara. Hoje estou frustrado, e eu quero atenção, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, e quero a atenção da galeria porque eu estou frustrado. Eu tive um momento, nestes últimos dias, de largar a política porque eu defendo vocês. Eu estou na Justiça e provei na Justiça a ilegalidade contra um massacre contra vocês trabalhadores, a ilegalidade na cobrança a mais na tarifa do transporte coletivo de Cr$ 4,84, mas estou sozinho. Eu não vejo outros partidos. Aliás, vou fazer duas ressalvas aqui: o Ver. Antonio Hohlfeldt está protestando junto ao PT e está protestando junto ao PT o Ver. José Alvarenga num protesto veemente contra esta cobrança ilegal. Mas o Partido em si - agora que eu quero concluir o meu raciocínio - o Partido como entidade defensora do trabalhador não está na defesa do trabalhador, está na defesa do sistema operacional, que se faliu é porque alguém roubou este dinheiro, que furtou ou que ficou com este dinheiro. Se durante dez anos vocês pagaram uma tarifa, a renovação da frota tem mais três anos de sobrevida para fechar treze anos de vida útil o ônibus que vocês pagaram, porque pagaram treze anos. Agora, fechou os treze anos e não existe o dinheiro para renovar a frota. Então, eu gostaria de saber onde está este dinheiro? Foi apresentada uma conta ...

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Wilson Santos, o objeto da discussão é outro.

 

O SR. WILSON SANTOS: É este e continuo neste e duvido que alguém, e desafio a Mesa porque estou fechando o raciocínio, e não aceito esta solicitação da Mesa, porque eu defendo o trabalhador e provo. Estou contra quem administra empresários e Poder Público. Estou contra. Estou desafiando o Poder Público e os empresários a dizer onde colocaram o dinheiro da renovação da frota porque cobraram de vocês treze anos. Não têm o dinheiro e agora estão cobrando ilegalmente mais 4 cruzeiros. Então eu provo que não defendo empresários. E eu, ao defender a livre atividade do comércio não estou a defender os empresários, porque me somarei a toda instituição, a toda mobilização que possa vir a ... (Pausa.) Realmente eu vou passar a defender - mostra o pessoal da galeria - eles estão de costas em desrespeito ao Parlamento, e é bom que se veja a demonstração de democracia que se faz. Eu não estou nem um pouco triste porque sou um democrata, só que não se ouviu a parte mais interessada. E seja qual for o resultado desta votação, eu vou pedir um plebiscito para que oficialmente a população de Porto Alegre se manifeste. Porque alguns Vereadores estarão ao lado da livre atividade do comércio, Sr. Presidente, e outros Vereadores estarão pelo fechamento, mas a população não foi ouvida, embora os Vereadores tenham a representatividade, a população tem que ser ouvida. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós hoje pela manhã na qualidade de Presidente da Comissão de Justiça, tivemos a oportunidade de presidir a reunião onde a Comissão de Justiça decidiu os aspectos legais, os aspectos de ordem formal da maior relevância para que este Projeto viesse à discussão. E neste sentido eu quero louvar, aqui da tribuna, o grande trabalho que fez o Ver. Omar Ferri na análise absolutamente jurídica que fez do referido Projeto a uma Questão de Ordem formulada pelo eminente Ver. João Dib no que respeita à ritualidade do processo. São questões importantes. O importante é que se mantenha exatamente o processo que a Casa vem mantendo, embora tenham os comerciários que estar aqui durante horas quando poderia resolver-se rapidamente esse assunto. Mas este momento é importante: primeiro para assegurar a legalidade, porque um ato fora dos trâmites regimentais, fora da Lei Orgânica pode determinar uma ação judicial e a nulidade dos atos cometidos pela Casa. Por isso a importância da preservação do rito processual que se desenvolve neste Plenário.

Então, dito isso, após um debate hoje pela manhã, a Comissão de Justiça concluiu por maioria esmagadora, por 5x2, pela absoluta legalidade e formalidade do processo que ora se debate seu mérito nesta tarde.

Mas eu gostaria de voltar à questão do mérito. Eu dizia há pouco, na Rádio Bandeirantes, que está dando cobertura a essa Sessão, está aqui ouvindo lideranças dos comerciários, dos Vereadores e a quem cumprimento por ter dado divulgação. Eu dizia há pouco: está na Bíblia que o sétimo dia é para descansar. Está na Bíblia. Ora, o que estamos a assistir senão uma grande mobilização dos comerciários, das comerciárias, para avançar, ganhar novos direitos? Não! Para preservar direitos já incorporados ao longo da história. Então, o que estamos fazendo, hoje aqui, senão preservar uma conquista cristã, indispensável, fundamental à vida, que é o descanso no 7º dia ou após uma jornada de trabalho? E é bom que se diga aqui, e até em homenagem ao número expressivo de comerciárias que estão aqui. Sabemos todos, e não estou a dizer novidades, a comerciária tem duas jornadas de trabalho. Trabalha para sobreviver na firma, no comércio, na empresa, etc... e depois trabalha em casa. E ainda pretendem lhe tirar o domingo. Mas isso não é um retrocesso? Neste debate não podemos desligar o Sr. Collor de Mello que baixou este Decreto, que é um Decreto de retrocesso. É um absoluto retrocesso. É uma tentativa muito forte e muito vigorosa para solapar os direitos dos trabalhadores e, em especial, o direito dos comerciários. Então, o que estamos fazendo aqui, Sr. Presidente e Srs. Vereadores? Não estamos acrescentando nada, senão tentando segurar uma conquista já incorporada que vem dos tempos bíblicos ao direito do ser humano de, depois de uma longa jornada, descansar. Eu acho esta discussão importante, embora demorada, na medida em que está se colocando esta tentativa de retrocesso no que existe de mais sagrado para os trabalhadores, que são os seus direitos. Os direitos dos trabalhadores, em especial dos comerciários, estão profundamente ameaçados. Por isso que se passou a chamar de modernidade. Esta modernidade é bastante trabalho e pouco salário. O que está acontecendo hoje neste País, em nível de salário, principalmente na área ligada ao comércio? Uma política salarial de arrocho. Então estes argumentos, mormente agora, no bojo de uma recessão, não tem o menor sentido. Independente de qualquer ordem de argumentação na defesa dos interesses dos comerciários, esta compreensão nós temos que ter para entender este processo. Nós estamos aqui preservando um direito que pretende esta República, que se instalou a partir de Collor. Nós estamos aqui preservando a tentativa absoluta de solapamento dos direitos que foram conseguidos ao longo da história. Então fica aqui a nossa manifestação.

E já que o Projeto é tranqüilo, eu acredito e quero dar aqui o meu depoimento, Ver. Clóvis Brum, em homenagem a V. Exª que é o autor do mesmo, que este Projeto não vai ter votos contra, explicitamente contra, porque convenhamos Vereador, isso de se tirar o domingo, que está transcrito na Bíblia ... isto vem dos tempos bíblicos! Então se trata aqui na Casa de se tomar uma posição na defesa de conquistas que se perdem até na noite da história, que é a defesa da pessoa ter, ao final de uma jornada de trabalho, o descanso. Então fica aqui a nossa manifestação para dizer que nós, aqui, não estamos querendo nada de mais, estamos apenas, somente apenas preservando direitos que já eram incorporados ao patrimônio desse massacrado operariado, comerciário, o povo brasileiro. Peguemos o salário das nações desenvolvidas e vamos ver a situação em que está colocado o trabalhador brasileiro hoje.

Fica aqui, portanto, a nossa manifestação a favor do referido Projeto. Muito obrigado.

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Nelson Castan.

 

O SR. NELSON CASTAN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Diretoria do Sindicato dos Comerciários, companheiros do movimento comerciário que fazem hoje, aqui nesta Casa, sua justa manifestação em busca de interesses que são próprios e legítimos da categoria. Nós estamos presenciando, no Brasil, a uma verdadeira onda que eu chamo onda de modernismo, de liberalismo e, em nome destes princípios, muitos segmentos da sociedade, muitas autoridades governamentais estão cometendo verdadeiros desatinos com a pátria brasileira.

Nós observamos, por exemplo, o novo Presidente da Petrobrás. Mal assume seu posto e já diz que vai privatizar a Petrobrás. Já querem entregar empresas do País para segmentos da iniciativa privada, como aliás estão fazendo aqui no Estado, entregando a COPESUL, do Pólo Petroquímico, que foi construído com a participação do Governo do Estado. Sem os recursos do Governo não seria construído e, agora, depois que está pronto, querem entregar para a iniciativa privada. Uma outra coisa que está acontecendo é este tal de liberalismo. Parece que vale tudo, nós não temos mais interesses dos trabalhadores, interesses comunitários, tudo em nome de uma doutrina que - acreditam eles - é a panacéia, a salvação para todos os males deste País. Pois estão redondamente enganadas estas figuras da iniciativa privada, do Governo Collor, estão levando este País para um beco sem saída. Dentro deste movimento, em meio a estes chavões, querem terminar com o descanso semanal remunerado aos domingos. Quero deixar clara, de antemão, a minha posição de que não concordo com isto. Eu acho que estes segmentos empresariais, sindicatos, lojistas estão embarcando numa canoa furada; estão, quem sabe, muitos deles agindo contra seus próprios interesses, porque se forem abrir aos domingos vão dar com os burros n’água e por quê? Porque o problema do comércio, da atividade econômica, qualquer setor que seja, não é a questão do domingo ou não, é o problema da absoluta falta de poder aquisitivo de toda a população brasileira, e temos consciência de que podemos abrir as lojas, as indústrias durante as 24 horas do dia e de nada vai adiantar porque o que movimenta a atividade econômica é o poder aquisitivo, é o salário do trabalhador, das famílias, e sabemos que esse salário está arrochado, diminuído, não só o salário daquele que ainda permanece no seu posto de trabalho, que ainda mantém o emprego, mas o salário perdido daquele membro da família que não tem mais emprego e que está procurando alguma oportunidade. Temos que ter isso bem claro, e tem uma outra coisa, existe uma mistificação, uma mentira, um engodo por parte daqueles que dizem e defendem que a abertura do comércio aos domingos possibilitará mais empregos. Ora, se o movimento econômico no comércio está bom, se durante a semana o movimento está bom, porque não contratam mais funcionários para os dias normais da semana? Com isso estariam aumentando o número de empregos, e não é com a abertura aos domingos que vai aumentar os empregos, é o movimento do comércio que se dá nos dias normais.

Então, isso é uma grande enganação, um equívoco que a liderança do Sindilojas está tentando transmitir para a sociedade, e muitos irmãos nossos que estão desempregados acabam inoculados com esse vírus, acabam influenciados por essa idéia equivocada e, agora, todos nós sabemos, como vocês também que a maior oportunidade de emprego está na razão direta das vendas, do movimento. Não é a abertura aos domingos, ou à meia noite que vai possibilitar esta oportunidade de emprego.

Então, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu não vou usar todo o meu tempo em respeito a todos, já está dada a minha posição. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. José Valdir.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Diretoria do Sindicato dos Comerciários, companheiros, companheiras comerciárias. Em primeiro lugar eu quero felicitar a Diretoria dos Comerciários, os trabalhadores do comércio por esta grande mobilização que estão fazendo, não só aqui no Plenário da Câmara, mas em outros espaços tentando disputar com os empresários, a opinião pública.

Antes de abordar e rebater os argumentos dos empresários e de alguns colegas Vereadores, eu quero fazer alguns esclarecimentos sobre o que está acontecendo hoje aqui. Em primeiro lugar eu quero fazer um esclarecimento a respeito do histórico desta votação, nesta Legislatura e, em segundo lugar, gostaria de esclarecer o que exatamente nós vamos votar aqui. Sobre o primeiro esclarecimento quero dizer que esta histórica bandeira dos comerciários, que é o sábado-inglês, é também uma histórica bandeira do Partido dos Trabalhadores.

Quando nós chegamos a esta Câmara de Vereadores, no início do ano passado, tentamos apresentar à Casa o nosso projeto visto que, antes de nós o Ver. Luiz Braz já tinha apresentado um projeto de sábado-inglês que, no nosso entender era incompleto porque estabelecia o sábado-inglês apenas para janeiro e fevereiro, quando os próprios empresários não têm grande interesse em manter o comércio aberto, porque a Cidade fica praticamente vazia neste período. Naquela ocasião apresentamos um Substitutivo ao Projeto do Ver. Luiz Braz que deu polêmica, fomos vítima de incompreensão porque continha um artigo que permitia, através de um acordo, fiscalizado pelo Sindicato, o trabalho aos sábados à tarde e fins de semana, através de fiscalização do Sindicato abriria a possibilidade de acordo para trabalhar nos fins de semana. O fato é que o Ver. Luiz Braz retirou o Projeto, e caindo o nosso Substitutivo, com o que ficamos sem poder votá-lo no primeiro semestre do ano passado. No segundo semestre, reapresentamos o Projeto na Lei Orgânica e a maioria da Casa votou contra e não foi aprovado. Este ano tentamos registrá-lo e tivemos que novamente nos contentar em apresentar um Substitutivo ao Projeto do Ver. Luiz Braz. Para evitar confusão, retiramos aquele artigo que falava em acordo e apresentamos o Substitutivo do sábado-inglês seco. Pois bem, quando o mesmo ia à votação foi retirado novamente e o Ver. Clóvis Brum apresentou um outro versando sobre a questão do domingo. Nós reapresentamos o que agora é o Substitutivo nº 02 ao Projeto do Ver. Clóvis Brum porque o do Ver. Luiz Braz não existia mais, pois ele o havia retirado novamente. Reapresentamos um Substitutivo que vai ser um dos votados aqui hoje, e temos um Projeto do sábado-inglês que é de nº 23, que vai ser votado daqui a algumas semanas. Portanto, este assunto volta à discussão. Quero esclarecer que não há prejuízo para a votação do domingo. Hoje vamos votar primeiro o Substitutivo, e existem quatro. Só depois de votar o Substitutivo, caso nenhum deles seja aprovado, é que nós vamos votar o Projeto, que eu espero que pelo menos este seja aprovado. Quais são os Substitutivos que existem aqui para serem votados? Existe o Substitutivo do Ver. Wilson Santos, que eu classifico de um Substitutivo de um liberal arrependido, porque ele propõe que os comerciários trabalhem no fim de semana, mas ele mesmo se arrepende e propõe que, pelo menos dois domingos fiquem sem trabalhar. Existe um outro Substitutivo que é de um liberal assumido, que é do Ver. Leão de Medeiros, que propõe também abrir, escancarar o comércio para funcionar nos fins de semana, no sábado, domingo e nos feriados, desde que respeitada evidentemente - também seria um absurdo afirmar-se o contrário - a Legislação Federal e Estadual, que ninguém pode passar por cima. Existe um terceiro Substitutivo que eu considero um Substitutivo de um trabalhista envergonhado que é o Substitutivo do Ver. Isaac Ainhorn. O Ver. Isaac Ainhorn, nos dias de festa é trabalhista, nos outros dias da semana ele é um liberal como quaisquer outros desses que pregam liberdade para o patrão. E apresentou um Substitutivo que é o de nº 04 - cópia do Decreto do Presidente Collor de Mello - para ser votado aqui hoje. Por sinal, esse Substitutivo do Ver. Isaac também não tem muita diferença dos demais, mas é o que mais parece cópia do Decreto do Presidente Collor que todos vocês conhecem. Existe o Substitutivo da Bancada do PT, que é o de nº 02 que, ao contrário do que eu vi alguém dizendo por aí, não se trata só do sábado. Ele propõe o sábado-inglês: que o comércio feche às 13h de sábado e só vá abrir na segunda-feira. Inclusive contém um artigo - nós distribuímos algumas cópias, pois não tinha para todos - ou melhor, o Parágrafo Único do art. 1º que diz que fica proibido o funcionamento do comércio aos domingos e feriados. Portanto, se este Substitutivo for aprovado, o de nº 02, vai resolver o problema do domingo e de inhapa vai estabelecer também a questão do sábado-inglês. Então ele é amplo. Quero já tranqüilizar os comerciários: esse Substitutivo vai ser votado antes do Projeto do Ver. Clóvis Brum. Nós, se não for aprovado o nosso Substitutivo, evidentemente vamos votar a favor do Projeto do Ver. Clóvis Brum para, pelo menos, garantir o descanso do domingo que já era assegurado e que o Presidente Collor está querendo acabar, evitando o retrocesso. Nós vamos votar com o Projeto, caso o nosso Substitutivo não seja aprovado. Agora, em relação aos demais três Substitutivos nós evidentemente - e toda a Bancada do PT - votaremos contra, porque esses outros três Substitutivos - o do Ver. Leão de Medeiros, o do Ver. Isaac Ainhorn e o do Ver. Wilson Santos, o do liberal arrependido, do liberal escrachado e do trabalhista envergonhado - vão contra os interesses da categoria dos comerciários, pois são totalmente contra não só ao sábado-inglês, mas também são a favor do domingo-colorido.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Losada cede seu tempo a V. Exª. Tem mais 10 minutos, Ver. José Valdir.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Feito este esclarecimento, eu quero entrar na questão do mérito do Projeto. Aqui nesta Casa existem pessoas muito mais doutas do que eu em matéria legal. Eu não sou advogado, sou um simples professor, agora, para quem quer aqui nesta Casa colocar argumentos de ordem jurídica, eu respondo com base no livrinho, a lei maior que é a Constituição. O art. 30 da Constituição é bem claro: “Cabe ao Município legislar sobre matéria de interesse local.” Horário do comércio, funcionamento do comércio é matéria de interesse local. Não bastasse isso, a Constituição Estadual, no art. 13, inciso II é bem explícita sobre a matéria, porque ela desenvolve a norma da Constituição Federal, estabelecendo: “É competência do Município, além da prevista na Constituição Federal e ressalvada a do Estado - inciso II - dispor sobre o horário de funcionamento do comércio local.” Quem quiser dizer que esta discussão não cabe aqui na Câmara de Vereadores está querendo dizer, em outras palavras, que a Constituição Estadual é inconstitucional. Aí a briga é em outro fórum.

 

O Sr. Edi Morelli: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª diz que no seu Substitutivo o comércio deva fechar à 1 hora da tarde. Eu pergunto: Por que à 1 hora da tarde e não ao meio-dia?

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Vereador, esse tipo de pergunta eu posso responder depois, fora do Plenário, até para não cortar o meu raciocínio. Responderei depois com maior satisfação, mas agora tenho assuntos muito importantes ainda para tratar aqui.

Então, do ponto de vista legal não existe nenhum impedimento no meu entender. Existe uma outra questão que eu acho que tem que ser muito bem abordada aqui que é a realidade. Qual é a realidade de trabalho do comerciário? Eu tenho conhecimento dessa realidade, porque como professor enfrento, na sala de aula, o reflexo da exploração selvagem do trabalho, principalmente dos menores, feita pelos empresários do comércio. Principalmente nas sextas-feiras à noite é comum alunos chegarem atrasados na sala de aula porque o patrão exige que fiquem fazendo hora-extra nos supermercados. E já é uma praxe dentro das escolas, os professores não marcarem provas nas sextas-feiras à noite, porque sabem que aqueles que são comerciários, especialmente aqueles alunos de supermercados enfrentam este problema. O comerciário é obrigado a fazer horas-extras e a trabalhar em pé. Mas há um problema que é não só de toda a categoria dos comerciários, é das trabalhadoras mulheres em geral, é aquela exigência injusta, selvagem e discriminatória que os empresários - não só do setor do comércio, mas também do setor do comércio - fazem o famigerado plano-teste para controlar a gravidez, ameaçando e muitas vezes demitindo companheiras trabalhadoras por engravidarem ou não contratando mulheres casadas, ou exigindo comprovação de atestado de laqueadura de trompa, atestado de viúves ou coisa desse tipo. Não contratam mulheres casadas justamente para fugir aos direitos sociais conquistados pela Constituição Federal, como a ampliação da licença-gestante para 120 dias. Há muito empresário, inclusive do setor do comércio, que pinta de moderninho, que fala em modernidade e que ainda faz este tipo de exploração selvagem da mão-de-obra, especialmente da mão-de-obra feminina.

Quero colocar isto muito claro, até porque há um Projeto de minha autoria tramitando nesta Casa, estabelecendo punição às empresas que praticam estes atos de violência, o que é comum acontecer e que, aliás, muitas dessas denúncias não saem nos jornais porque as companheiras trabalhadoras precisam manter o emprego e muitas vezes não se sentem suficientemente fortes para denunciar seus patrões. E nesses casos, nem a CLT é competente. É impotente! A CLT, muitas vezes, não dá suficiente solução para este tipo de problema. O exemplo disso é o que aconteceu com as empregadas da De Millus, cuja propaganda diz que fabrica roupas íntimas com amor. As companheiras do Rio de Janeiro estão denunciando que ela fabrica roupas íntimas com terror, tendo recebido 73 autos de infração da Legislação Trabalhista e nada aconteceu. Só foi acontecer alguma coisa de melhoria para as trabalhadoras no momento que elas se mobilizaram, através do seu sindicato, e botaram a boca no trombone. É assim que o trabalhador tem que reagir.

Portanto, a Lei Trabalhista, a CLT, não garante muita coisa se os trabalhadores não fizerem como vocês, se mobilizarem. É assim que garantimos que as leis, as poucas a nosso favor, não virem letra morta.

Eu entendo que o Projeto do Presidente Collor é um projeto que estabelece o retrocesso. Já foi dito nesta tribuna que o trabalho aos domingos já era uma conquista. E agora o Presidente Collor quer cassar esse direito. Até admito que vote contra o sábado-inglês. Não sei como alguém aqui na Câmara pode votar a favor de que o patrão possa exigir que o comerciário trabalhe aos domingos.

Este Decreto do Presidente Collor é um retrocesso. Um Decreto reacionário e um Decreto através do qual ele mais uma vez procura atropelar o Congresso Nacional. Pois uma matéria desta ordem, polêmica como esta, deveria o Presidente, pelo menos ter a sensibilidade de encaminhá-la ao Legislativo e não passar por cima do Congresso Nacional. Mas valorizar o Legislativo, valorizar o Congresso Nacional, não atropelá-lo! Mandar um Projeto de Lei para fazer uma ampla discussão no Congresso.

Os empresários gostam de apresentar o argumento da liberdade. Só que eles não dizem para quem defendem essa liberdade. O comércio fechado nos fins de semana seria atentar contra a liberdade. Mas de que liberdade se está falando? Liberdade para quem? Aliás, neoliberais como o Ver. Wilson Santos vêm aqui defender o velho liberalismo do início do capitalismo. Aquele liberalismo do capitalismo selvagem aonde os teóricos da burguesia liberal diziam que não devia existir regra para nada. Não devia existir regra fixando preço de salário. Tudo livre. Defendiam livre contrato. Tudo entregue à livre negociação, pois todos seriam livres para negociar o contrato que lhes interessasse. Tinham até uma frase: laissez faire, laissez passe – “deixai fazer, deixai passar, o mundo se move por si mesmo”. Nada de regras, nada de controles. Por quê? Porque no momento em que se fixassem algumas regras em benefício dos trabalhadores evidentemente essas regras iriam diminuir os lucros desses senhores. Então eles defendiam essas teses no fim do século XVIII. E foi uma conquista da classe trabalhadora quando conseguiu arrancar dos empresários, através de greves, através de movimentos, através dos sindicatos algumas leis protegendo, por exemplo, o trabalho da mulher e o trabalho do menor, estabelecendo limites para a jornada de trabalho, o que os empresários não queriam.

Então, o ranço do velho liberalismo ainda persiste. É preciso que se entenda: o liberalismo é inimigo dos trabalhadores. É o liberalismo que prega a liberdade para um só lado, a liberdade apenas para o patrão. Portanto, quero repudiar o argumento dos liberais que vieram aqui, pois estão querendo passar gato por lebre.

O outro argumento é o da modernidade. Alegam os empresários...

 

O SR. PRESIDENTE: Seu tempo está esgotado, Vereador.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Solicito o tempo do Ver. Antonio Hohlfeldt, Sr. Presidente.

O outro argumento é o da modernidade. Os empresários costumam dizer que é “moderno” trabalhar nos fins de semana porque nos países desenvolvidos do Primeiro Mundo é assim que funciona. Em primeiro lugar, isso é mentira. Eu andei fazendo uma pesquisa junto aos Consulados de alguns dos países e constatei que isso é uma grande balela, porque na maioria dos países do Primeiro Mundo, tipo Itália, Alemanha, por exemplo, vigora o sábado-inglês. Ver. Ervino Besson, eu estou pegando o tempo de Liderança da minha Bancada, os outros companheiros não irão falar, pois estou falando no tempo deles. É um direito meu. V. Exª já fez isso muitas vezes, bem como outros Vereadores da sua Bancada e eu me reservo o direito de continuar. Peço à Mesa que desconte o tempo.

Então essa é uma grande mentira. O Ver. Ervino Besson, que também da outra feita tinha um projeto para abrir totalmente o comércio em qualquer horário, não gosta muito de ouvir este argumento, mas vai ter que ouvir!

Esta “modernidade” não existe lá fora, mas mesmo que existisse, os empresários têm uma mania de imitar o Primeiro Mundo só naquilo que lhes interessa. Naquilo que interessa eles querem ser modernos, querem imitar os países desenvolvidos, mas nas outras questões eles preferem ficar mesmo com o Terceiro Mundo. Eles foram contra a luta das 40 horas; eles não querem pagar salário de Primeiro Mundo, eles não querem dar condições de trabalho aos trabalhadores, especialmente aos comerciários, semelhantes as do Primeiro Mundo. Aí vale o Terceiro Mundo! Só quando é para estabelecer o horário de trabalho eles são modernos, querem horário livre para funcionar como e quando quiserem. Vejam o que está acontecendo, estes empresários são tão modernos que ainda estão fazendo um tipo de exploração selvagem da mão-de-obra, praticando uma discriminação selvagem e primitiva contra a mulher como a que eu referi aqui há pouco.

E o outro argumento dos empresários é que a abertura do comércio aos fins de semana gera mais emprego. O que é mais uma grande mentira! Uma grande mentira não porque eu assim classifico, mas porque assim consideram alguns empresários um pouco mais desenvolvidos. Eu tenho aqui alguns recortes, mas não vou poder lê-los agora. Quando saiu o Decreto do Presidente Collor, um Presidente de uma Associação Comercial de São Paulo disse claramente que a medida ia redundar num grande fracasso porque os empresários sabem, os mais inteligentes, os mais modernos pelo menos, que não adianta escancarar as portas do comércio, porque não vai aumentar o volume de venda. Porque a população está sofrendo hoje uma recessão terrível, ninguém tem dinheiro e as pessoas não compram mais, não é porque o comércio fique aberto ou fechado. As pessoas não compram mais porque não têm dinheiro. Essa é a grande verdade. Então, o que os empresários daqui estão querendo fazer aparentemente é tirar leite de pedra, quer dizer, eles querem aumentar as vendas abrindo o comércio aos sábados e domingos. A única coisa que eles vão conseguir é diluir as vendas. Aqueles que iam comprar até sábado ao meio dia vão começar a comprar no domingo de tarde, por exemplo, mas o volume de vendas vai permanecer o mesmo. Uma coisa eles vão conseguir: é atrapalhar a vida dos comerciários, é sacrificar ainda mais a categoria dos comerciários. E é por isso que esses argumentos de que aumenta o número de emprego não vale. Em todo o país minimamente civilizado, quando se quer aumentar os empregos, o que se faz? Diminui-se a jornada de trabalho e não se aumenta-a. Agora, aqui no Brasil os empresários tupiniquins querem passar a conversa em todo mundo. Querem aumentar o número de empregos apenas ampliando os horários de funcionamento do comércio.

Em qualquer lugar no mundo, para aumentar o número de emprego se diminui a jornada de trabalho, possibilitando que mais gente trabalhe para que todos trabalhem menos. Ou então se promove o crescimento e não a recessão econômica.

Por último, os empresários também usam como arma o divisionismo. Eles procuram dizer que a reivindicação de uma categoria está contra os interesses do resto dos trabalhadores e da sociedade. Como vocês sabem, nem mesmo exitaram fazer aquela demagogia de chamar pessoas, inscrever pessoas, mentir para pessoas, porque acenaram com salário de seis salários-mínimos, sem deixar claro que era proporcional aos dias trabalhados, o que ia render, no máximo, 4 mil cruzeiros. E as pessoas correram para se inscrever e eles usaram isso como forma de pressão. Os empresários pegaram a ilusão, utilizaram-se da miséria, do desemprego, da recessão que eles mesmos criam, utilizaram-se do divisionismo, classificando a reivindicação dos comerciários como contrária aos interesses dos demais trabalhadores. Nós sabemos que trabalhador consciente não quer ver os seus irmãos de classe escravizados. Nós sabemos disso. Os empresários gostam muito de tentar nos dividir, jogar uma categoria contra outra, dizer que a nossa reivindicação é contrária aos interesses do resto dos trabalhadores e da sociedade.

 

O Sr. Antonio Losada: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. José Valdir, V. Exª foi brilhante em sua exposição. O que o patronato coloca por aí é que a aprovação deste Projeto vai afetar o comércio nas vilas, nos bairros e isso não é verdade, o comércio nas vilas e nos bairros não será afetado por esta lei porque este comércio funcionará através da participação dos familiares dos proprietários. Portanto, o que o patronato procura é transferir toda a dificuldade de uma crise profunda em cima do lombo sofrido dos trabalhadores. Portanto, meus parabéns pela sua brilhante exposição.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Eu agradeço a todos os Vereadores que me concederam tempo, o Ver. José Alvarenga que trocou comigo, o Ver. Antonio Losada, o Ver. Antonio Hohlfeldt que me cederam seu tempo para que eu pudesse expor em nome da Bancada, a posição do Partido dos Trabalhadores aqui desta tribuna.

Gostaria, para finalizar, de deixar muito claro o que eu disse de início. A votação ou a aprovação do Substitutivo de autoria do PT em nada prejudica o Projeto em votação, pois se for aprovado o Substitutivo, este já garante automaticamente o que o Projeto do Ver. Clóvis Brum queria garantir e ainda acrescenta o sábado-inglês. Caso não seja aprovado o nosso Substitutivo nós votaremos a favor do Projeto do Ver. Clóvis Brum e evidentemente votaremos contra os demais Substitutivos, pois estes vão numa direção contrária àquilo que estamos querendo, ou seja, contrariam o sábado-inglês que o nosso Substitutivo procura instituir.

Eu quero finalizar dizendo o seguinte: a pressão dos comerciários é legítima e o seu slogan: “Atrás de um balcão também bate um coração”; é educativo e procura conscientizar a sociedade de que atrás de um balcão existe sobretudo um ser humano e não um escravo. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Adroaldo Corrêa.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é necessário que se ocupe também este microfone, neste debate, para falar de questões que foram postas aqui por Vereadores, até na defesa do Projeto que nós somos favoráveis, principalmente no Substitutivo do Ver. José Valdir mas que, pela argumentação posta, senhores comerciários, dirigentes sindicais, nos leva muito a pensar sobre que caminho estamos construindo - os trabalhadores e seus aliados.

Nós achamos, em primeiro lugar, que não há a distinção entre bons e maus patrões: há patrões. Todos eles empregam a mão-de-obra assalariada e fazem uso dos horários e farão abusos da extensão dos horários aos domingos, se esta Lei não for aprovada. Acreditamos, de igual forma, como disse aqui o Ver. José Valdir, e rápido seremos nesta argumentação, de que a liberdade que está sendo proposta não é a liberdade para a experiência, - como já disse aqui algumas vezes o Ver. João Dib - para empresários que se arriscariam no domingo a terem infra-estrutura funcionando, a ter luz, a ter o estabelecimento aberto com toda a sua carga, mas sim uma experiência sobre os trabalhadores que há 490 anos, de livre iniciativa neste País, sofrem a experiência do patrão. E a experiência do patrão tem gerado, em 490 anos neste País, o arrocho salarial e a sobrecarga do trabalho e há cada vez mais mês no fim do salário. Acreditamos que, em nome dessa livre iniciativa e até do turismo que nossa Cidade deveria abrigar, receptivamente, algumas pessoas pensam que a Cidade adotará outro ritmo com o comércio funcionando e dizem: “Olha o 30% que se realiza, ou até mais, do movimento do comércio no Shopping Iguatemi no sábado à tarde.” Aquilo foi construído para tal, para tanto, para isto, foi jogado lá nos cafundós, como se dizia antes, porque era várzea e era barato o terreno e feito um pátio de estacionamento não para o operário ir comprar, mas para quem tem dinheiro e automóvel fosse comprar. E lá se estabeleceu barato o comerciante, empregou trabalhadores, mas poderia ter empregado aqui no Centro mais comerciários se reduzisse a jornada. Por que não? E a redução da jornada é que é a luta histórica dos trabalhadores, redução que se conquistou, a duras penas no início do século, de 12 para 8 horas e que aos domingos será estendida, porque vocês fazem 10, 12 horas com regulamentação de 8 horas.

Disse aqui um Vereador que seria necessário abrir o Mercado Público pelas manhãs aos domingos, para os trabalhadores poderem fazer suas compras e ter o peixe fresco para o almoço aos domingos - até para mudar o hábito alimentar da população - e denunciava, na defesa do seu argumento, que trabalhadores do Mercado pegavam às 6 horas da manhã e largavam às 9 horas da noite, e ele queria estender esse regime para o domingo. Mas como? Com que defesa, se a fiscalização do Ministério do Trabalho não trabalha no domingo? Ou se trabalha, solicitada pelo Sindicato, com escassos recursos, com equipe diminuída, porque aí se está estendendo a jornada de trabalho aos domingos também para o fiscal da Prefeitura na questão do alvará, para o fiscal do Ministério do Trabalho, que na semana já não tem fiscalização, porque o Presidente, esse que nós aqui chamamos de príncipe, porque pretende impor a sua vontade à Nação sobre o Congresso, o Presidente quer, quer por um Decreto, contra a Constituição Federal, contra a Constituição Estadual e contra as leis que o Município pode votar “sim” com autonomia e votará contra o príncipe, porque nós não somos súditos, há muito deixamos de ser escravos, embora o nosso trabalho seja explorado. Nós queremos botar em termos esta questão que vimos discutindo. Quando Collor de Mello decreta a liberdade de trabalho para os comerciantes aos domingos ele pretende ferir fundo na carne dos trabalhadores que ainda não têm, por exemplo, a invejável organização que tem o Sindicato dos Comerciários de Porto Alegre. E por isso Porto Alegre tem que sinalizar para o Rio Grande do Sul e organizar na Federação todo um movimento semelhante a este para todo o Estado e, nacionalmente, para todos os Estados, pois é assim que se combate, como trabalhadores organizados, alguém que pretenda ter a vontade própria e pessoal sobre a vontade coletiva, que é a de vocês. Quando Collor decreta, ele o faz pensando que lá em Cacimbinhas não tem Sindicato dos Comerciários para defender os trabalhadores. E talvez não tenha, mas vocês são comerciários que talvez possuam parentes lá e tenham, na Federação, o respaldo para trabalhar organicamente nesta base e defender o conjunto da categoria em todo o Estado. E é isto que Collor vai enfrentar, porque ele deu a César Rogério Valente isto, às vésperas das eleições, quando César Rogério Valente disse, representando os comerciantes em nível federal, que não financiaria candidaturas que fossem contrárias à abertura do comércio e à desregulamentação.

Ora, desregulamentação é a escravidão, como acontece, ainda que leis do trabalho existam e o próprio salário-mínimo constitucional não é cumprido sem a fiscalização. E aos domingos, quando o fiscal não terá o direito de estar com sua família, quando vocês não terão o direito de estar com suas famílias, o Presidente estará andando de Kawasaki, andando de Jet Sky, saltando de pára-quedas e o pára-quedas não abre. Este tipo de questão nós devemos ter presente, porque é aí fundamentalmente que está a grande jogada da liberdade do trabalho que é dita pelo Presidente, mas que é a liberdade da exploração do trabalho que nós sabemos, porque experiência nós temos dos trabalhadores que conquistaram redução de jornada e só aí conquistaram aumento de salário, que é contra a exploração e o arrocho que combatemos. Então, não venham com argumentos do tipo como está num Substitutivo, basta pegar um exemplar aqui e ler, os dirigentes podem distribuir para a categoria toda: “O mundo todo está trabalhando para gerar maior lucro.” Para quem? Para quem o lucro? Entre quem será dividido? Se o empresário precisa tão urgentemente dividir o seu lucro com o trabalho aos domingos, por que não divide já? Porque ele já tem geração de lucro nos trabalhos que faz com seus assalariados durante a semana, e ele vai fazer nova experiência com os trabalhadores aos domingos, experiência onde o ônus será da classe trabalhadora.

Então, achava necessário ter subido aqui para dizer exatamente destas questões, não há risco para o patrão porque a inflação não deprecia capital, pode vender o prédio no outro dia; a conta de luz é paga no preço do produto, a conta da luz do patrão é paga no preço do produto que vocês vendem a outros consumidores; impostos, lá naquelas distâncias, com terrenos havidos às vezes graciosamente, ou abaixo do preço de mercado são transferidos às mercadorias. Todos os consumidores pagam mercadorias e impostos. Os que transitam mercadorias ou que produzem e se apropriam do resultado dessa produção coletiva, os proprietários das fábricas e das fazendas, não pagam impostos jamais; os transferem para os consumidores, nós sabemos disso. O que é o salário final? É composto do salário irrisório de vocês, básico, mais um plus que vocês têm sobre vendas que realizam. Se não realizarem, não ganham e isso é muito claro. Para encerrar, gostaríamos de apoiar, para sermos coerentes com a argumentação que estamos fazendo, que se queremos realmente avançar nessa luta, além de barrar a vontade deste príncipe, que não queremos, temos que avançar para conquistar a redução da jornada, ou pelas 40 horas, ou até as 13 horas de sábado, com o sábado-inglês. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Ver. José Alvarenga.

 

O SR. JOSÉ ALVARENGA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, companheiros comerciários do Sindicato dos Comerciários de Porto Alegre. Realmente, toda essa discussão que estamos desenvolvendo na Cidade sobre a questão do trabalho aos domingos e sobre a imposição do Governo do trabalho aos sábados à tarde, só pode nos levar a concluir, em primeiro lugar, que de fato o Presidente Collor de Mello é o Presidente dos grandes comerciantes. É o Presidente dos proprietários dos grandes supermercados, das grandes lojas, dos grandes empresários e que governa definitivamente contra a população trabalhadora deste País e em especial contra os comerciários. E é por isso que ele baixou este Decreto que possibilita a imposição, por parte dos empresários, do trabalho dos companheiros aos domingos. E isto faz parte de um plano do Governo Collor que vai muito além. E pode algum companheiro comerciário pensar que isto tem a ver em especial com os comerciários. Eu não sou comerciário. Eu trabalho na Previdência Social e eu pretendo mostrar, na minha intervenção, que isto afeta a todos os trabalhadores do País e não apenas aos companheiros comerciários.

Hoje, nós vivemos neste País uma situação salarial absolutamente aviltante. As perdas salariais, hoje, ultrapassam 300% e isto já motivou várias greves importantes neste último período. Os bancários foram à greve; os previdenciários foram à greve; nós temos, hoje, a greve dos companheiros da Brahma, da Antártica, nós tivemos greve importante dos companheiros de toda a cadeia dos Supermercados Real. Uma grande greve demonstrando que os comerciários estão levantando a sua cabeça e que não irão suportar mais o arrocho sobre os seus salários. Esta é a forma com que nós lutamos contra o arrocho salarial.

Nós temos, hoje, apenas em São Paulo companheiros, mais de um milhão de desempregados. Eu tenho certeza de que na loja em que os companheiros trabalham, dia após dia os companheiros assistem à demissão de companheiros que trabalhavam e que agora são obrigados a deixarem seus empregos por conta desta política econômica que o Governo tenta impor. E esta situação de abandono e de ataque profundo às condições de vida da classe trabalhadora é que obrigou vários companheiros, tenho certeza dentre eles vários comerciários demitidos, a se sujeitarem ao absurdo de aceitar o trabalho aos domingos como faz questão de dizer aos quatro ventos nesta Cidade o Sindicato dos Lojistas, dos grandes comerciantes desta Cidade.

Agora, há um aspecto do Plano Collor que tem mais a ver com a discussão que nós estamos fazendo hoje. Eu queria me deter um pouco mais sobre ele. Em primeiro lugar, o Governo Collor atacou, no que diz respeito à jornada de trabalho, os companheiros bancários. Quando da implantação do seu plano ele impôs aos bancários jornadas muito superiores a que os companheiros estavam habituados e dizia que esta era para beneficiar a população deste País e para fazer o seu plano vingar. Então, primeiro foram atacados os bancários. Sou previdenciário e numa greve nacional, em 1984, conquistamos a redução da jornada de trabalho de 8 para 6 horas. Agora, recentemente, o Ministro “pelego” Magri, que auxilia o Presidente Collor, como já auxiliava antes quando fazia o movimento sindical e traía os trabalhadores, tentou impor aos previdenciários a jornada de 8 horas. Respondemos a ele com boicote e greve nacional que consagrou esta conquista da nossa categoria. Agora é a vez dos comerciários. Ele tenta impor a eles, milhões neste País, a jornada de trabalho também aos domingos. Isto é mais um aspecto da superexploração que o Governo Collor exerce contra os trabalhadores brasileiros. Se ele foi capaz de derrotar os trabalhadores na eleição presidencial, vai ser muito mais difícil para ele derrotar os companheiros e, hoje à tarde, os comerciários dão demonstração de que estão dispostos a lutar para fazer valer os seus direitos. Vai ser difícil para o Governo Federal impor isto a eles, se continuarmos lutando em torno das reivindicações levadas pelo Sindicato. Os patrões dizem através dos meios de comunicação que esta proposta de trabalho aos domingos tem um objetivo: aumentar as vendas. Desafio desta tribuna os grandes comerciantes desta Cidade a reporem as perdas salariais dos comerciários se eles querem realmente que a população da Cidade compre mais. Desafio a todos eles a pagarem aos comerciários o salário-mínimo do Dieese. Só aumentarão as vendas em Porto Alegre e em todo o País se os trabalhadores tiverem um poder aquisitivo maior. Os empresários iludem e mentem conscientemente aos companheiros e à população desta Cidade, mostrando que não têm nenhum compromisso com a verdade e nem com os trabalhadores e que têm compromisso, sim, é com os seus próprios interesses. E a mesma coisa é em relação ao aumento da oferta de emprego. Só é possível aumentar os empregos se comprarem mais e cada vez se compra menos. E se é verdade que eles querem aumentar a oferta de emprego, porque estão demitindo, hoje, aos milhares nesta Cidade, em todo o País? Então, a verdade é que eles buscam derrotar os companheiros, derrotar politicamente, fazer frustrar as reivindicações dos comerciários e, dessa maneira, se fortalecer para impor aos demais trabalhadores jornadas maiores de trabalho, porque já vão ter como exemplo a derrota impingida aos companheiros comerciários.

Agora, companheiros, eu finalizaria a minha intervenção chamando a atenção dos companheiros para um fato importante, e que infelizmente, de que eu tenha conhecimento, apenas o Partido dos Trabalhadores, apenas o meu Partido veio aqui nesta tribuna falar. Os companheiros podem sair daqui, hoje, achando que foram totalmente vitoriosos sem o serem. Por quê? Porque há duas discussões em debate nesta Casa. Em primeiro lugar, nós vamos discutir a questão do trabalho ao domingo, e a Bancada do PT vai votar unida contra a jornada de trabalho aos domingos. Mas há uma segunda questão em debate. Nós temos uma proposta da Bancada do PT, apresentada pelo Ver. José Valdir, que proíbe o trabalho ao sábado à tarde. Nós podemos, nesta tarde, obter duas vitórias: não trabalhar aos domingos e não trabalhar nos sábados à tarde. E vocês vão notar, companheiros, que há quatro Substitutivos, quatro propostas alternativas a do Ver. Clóvis Brum. A do Ver. Leão de Medeiros, do PDS, propõe que o trabalho também se dê aos sábados, aos domingos e feriados; a do Ver. Wilson Santos, do PL, que concorda com o Ver. Leão de Medeiros e também acha que vocês têm que trabalhar no sábado e domingo; e a proposta do Ver. Isaac Ainhorn, do PDT, que também quer impor o trabalho aos domingos para os companheiros comerciários. E o PT apresenta um Substitutivo que impede o trabalho aos domingos e impede o trabalho aos sábados à tarde. Nós queremos deixar claro isso aos companheiros. A Bancada do PT quer derrotar o trabalho aos domingos e quer derrotar o trabalho no sábado à tarde. Nós podemos sair, hoje, com a conquista do tão almejado sábado-inglês para os comerciários. Alguns companheiros dizem que isto é novidade, mas não é. Em Passo Fundo não se trabalha sábado à tarde; em Santa Maria não se trabalha sábado à tarde; em Pelotas não se trabalha sábado à tarde; nem em Rio Grande; nem em São Leopoldo. E atentem, vários Vereadores irão votar a favor de não trabalhar ao domingo, mas irão votar contra o não-trabalho no sábado. Estes Vereadores estão ao lado de vocês quando se trata do domingo, mas na véspera, estão contra os comerciários. Nós queremos deixar isso claro e chamar a atenção dos companheiros comerciários e do apoio a favor do Substitutivo ao Projeto apresentado pelo Ver. José Valdir, e apoiado pela Bancada do Partido dos Trabalhadores. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, vou tentar ser o mais rápido possível para que os comerciários aqui presentes tenham encerrada a sua jornada dentro do horário normal. Não poderia deixar de comparecer à tribuna, nesta tarde, para dizer da posição do meu Partido. Já examinei isso várias vezes, nós somos favoráveis ao não-trabalho aos domingos e vamos apoiar também o Substitutivo nº 02, do Ver. José Valdir.

A discussão, hoje, aqui na Casa, se trava em torno de um Projeto muito localizado no âmbito do Município de Porto Alegre. Mas gostaria de dizer para os comerciários que estão aqui que este processo, embora seja localizado no Município de Porto Alegre, muito reduzido no âmbito geral, ele tem um significado muito especial para toda a classe operária. O que pretende o Governo Collor com o seu Plano de Brasil Novo, com o seu projeto neoliberal é transferir mais uma vez para o trabalho, o trabalhador, o ônus da conta que se abate, hoje, sobre toda a sociedade do lado ocidental. Isso nós não podemos perder de vista. Então o que está se fazendo é aumentando o horário de trabalho. O Governo Collor, não vou entrar na parte legal, ele exorbitou ao decretar que todos possam trabalhar aos domingos. Isso é uma competência dos Municípios, está claramente definido, não vamos entrar por esse lado. Mas o que se pretende passar para a opinião pública é de que o trabalho é o responsável pelo fator de progresso do País, ou seja, a falta de trabalho é que está gerando a crise que nós estamos atravessando.

Gostaria de dizer aos comerciários que o desemprego que está havendo no País vai se agravar, que não adianta os comerciantes dizerem que o trabalho aos domingos, aos sábados, aos feriados vai aumentar a possibilidade de trabalho, vai aumentar a oferta de emprego, nada disso vai acontecer. O que vai acontecer e vocês devem saber disso, a história registra, é a comprovação da tese do velho Marx: os comerciários vão ser explorados na mais-valia absoluta. O velho Marx estabeleceu duas espécies de mais-valia: a relativa e a absoluta. A relativa é esta que está aí todos os dias. Vocês têm um horário de 8 horas de trabalho por dia, mas trabalham 10, 11, 12 horas. Já no horário de 8 horas, que é uma conquista da classe operária através de longos anos de luta, a mais-valia se faz sentir, a mais-valia relativa. Para quem não conhece bem a história da mais-valia é bom recordar que todo aquele trabalho excedente ao valor que o empregado desempenha para se pagar é o que origina essa mais-valia relativa que é, afinal de contas, o lucro dos empresários. E a mais-valia absoluta é essa que vai ser imposta agora, porque não vai haver aumento de ofertas de emprego. Os atuais comerciários vão ter que trabalhar aos domingos, aos sábados, aos feriados e isto aí na concepção do velho Marx é a mais-valia absoluta. Vão tirar o couro e a carne dos comerciários. É por isso que a luta de vocês têm importância, porque é uma resposta ao desafio do Brasil Novo.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Lauro Hagemann, quero cumprimentá-lo, divirjo da posição de V. Exª, mas quero cumprimentá-lo exatamente por aquilo que eu entendo que é uma ótica de coerência, que é uma concepção que V. Exª tem em relação ao problema da questão do sábado e domingo.

 Eu, por exemplo, estou apresentando e tenho um Substitutivo meu que defende ser facultativa a abertura do comércio aos domingos. Mas historicamente quero dizer e não me envergonho de dizer isto, e digo na frente dos companheiros comerciários que votei contra o fechamento do comércio aos sábados. Agora, eu desafio alguns Vereadores que estão votando no fechamento do domingo, que votem no fechamento do sábado para serem coerentes como V. Exª esta sendo. Aí vou acreditar, senão é balela. Sou grato.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: O aparte do nobre Ver. Isaac Ainhorn convalida a exposição que estou tentando fazer o mais sucinta possível.

Mas eu gostaria de aduzir mais um elemento a esta questão que se está discutindo. No âmbito municipal, o trabalho aos domingos vai ser uma agressão aos trabalhadores e que não vai ficar circunscrita aos comerciários. Este é o grande perigo da abertura do precedente. Por isto, companheiros Vereadores, nós estamos nesta posição. É possível até que, mais adiante, se possa e se deva rever esta condição. Mas de acordo com as circunstâncias que forem aparecendo. No momento é preciso uma posição muito firme, muito concreta, muito coerente para que se barre esta pretensão do Brasil Novo. E convenhamos, do jeito que as coisas vão, a recessão vai nos apanhar a todos, até àqueles que estão empregados.

A minha posição é esta já anunciada na abertura do discurso. Voto com o Substitutivo nº 02, do Ver. José Valdir. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Próximo orador inscrito é o Ver. Giovani Gregol. V. Exª está com a palavra.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, acho que estamos todos cansados, principalmente vocês. Nós estamos nos aproximando do momento de encaminhamento e posterior votação deste Projeto e Substitutivos. Eu quero fazer uma saudação a vocês todos que estão tendo tanta garra e vontade de ficar aqui até o final para defender seus interesses, da família de vocês, da categoria de vocês.

Eu quero fazer uma citação dessa idéia, uma forma muito elegante e inteligente de colocar o que realmente vocês pensam, aquilo que pensam e sentem: “Atrás de um balcão também bate um coração.”

Nos dias que o Plenário da Câmara está cheio, como hoje, todos os Vereadores falam, vocês já notaram, a grande maioria dos Vereadores falam. Quando o Plenário está vazio, o pessoal se poupa, não gosta muito de falar. Mas, oportunidade assim é tipo “à noite todos os gatos são pardos” e muitos Vereadores que vêm aqui defender os trabalhadores, que vêm fazer discurso progressista, nas demais oportunidades, quando não tem gente aqui, quando os trabalhadores não estão presentes nesse número expressivo, não votam sempre nos interesses dos trabalhadores. E eu não acredito, como vários Vereadores colocaram, que existe patrão bonzinho. Pelo menos os grandes patrões, os grandes empresários, os grandes latifundiários, os donos do poder deste País, eu até hoje não conheci nenhum que seja bonzinho, ou se é bonzinho e vai à missa todos os domingos, na segunda-feira e no resto da semana explora, e agora vai querer continuar explorando aos domingos também. Enquanto ele está na missa, se confessando, pedindo perdão a Deus pelos seus pecados, porque ele quer ir para o céu, vai estar lá o empregado dele, trabalhando. Isso ele quer, mas nós não vamos deixar. Pelo menos aqui em Porto Alegre eu levo fé que a Câmara, inclusive com a pressão de vocês, não vai permitir. Eu sou ecologista e, profissionalmente, sou professor de história e para nós, ecologistas-socialistas, as pessoas fazem parte do meio ambiente, talvez a parte mais importante, só que nós dependemos dos outros seres vivos também para viver e muitas vezes esquecemos disso. E o trabalho, onde passamos a maior parte do nosso dia, às vezes até mais do que na nossa própria casa, o local de trabalho, o salário que se recebe é uma questão ecológica sim. Porque nós defendemos a vida em todas as suas manifestações e, hoje, cada vez é mais difícil e impossível viver, e até sobreviver já está sendo impossível com os salários e a superexploração que os trabalhadores e o povo brasileiro sofrem no nosso País. Quero relembrar, porque já foi dito, mas para marcar, porque tem gente que diz que o óbvio não precisa ser dito, com o que eu não concordo, pois o óbvio precisa ser dito, porque às vezes o óbvio não aparece, que a nossa Bancada do Partido dos Trabalhadores aqui da Câmara Municipal de Porto Alegre - e vou falar da Bancada a qual pertenço, eu e mais oito Vereadores - não vou falar das outras. Nós temos uma posição histórica, minha gente, em relação aos interesses da categoria dos comerciários. Nós temos uma posição histórica em todo o território brasileiro onde existe o Partido dos Trabalhadores. Em todos os Municípios, em todos os Estados, nós sempre defendemos, desde a fundação do Partido - há 11 anos que nós estamos lutando para a construção deste Partido - sempre defendemos o sábado-inglês, sempre defendemos os trabalhadores. Não é nenhuma novidade, não é porque o Plenário está cheio, não é porque daqui a dois anos tem eleição e nós vamos ser candidatos à reeleição. Não! Nós sempre defendemos o sábado-inglês, no Parlamento ou fora dele, como parlamentares ou como militantes do Partido. Na Lei Orgânica do Município, que é a Lei máxima do Município, nós tentamos de novo instituir o sábado-inglês, e alguns Vereadores, eu não posso citar agora de memória, mas inclusive pessoas da categoria de vocês, eu sei que um grupo de oposição comerciária, por exemplo, colocou em panfleto e divulgou entre a categoria, alguns Vereadores que hoje estiveram aqui fazendo discurso pelo trabalhador, mas que na Lei Orgânica não votaram pelo sábado-inglês. Então é aquilo que eu falava do gato pardo. Vamos ver, vamos pesquisar. Um dos problemas do Brasil é que nós temos pouca memória, e eu como professor de história sei que um povo sem memória sempre será um povo escravo.

Agora, nós temos esse Substitutivo nº 02. Por que esse Substitutivo é importante? Esse Substitutivo do Ver. José Valdir é importante porque com ele nós podemos matar dois coelhos, podemos resolver dois problemas de uma cajadada só: instituir o sábado-inglês e proibir definitivamente no Município - pena que não é em todo o País - o trabalho nos domingos. Eu peço a todos os Vereadores de todas as Bancadas que votem no Substitutivo nº 02, porque se ele não passar, daqui a pouco nós teremos que brigar de novo pelo sábado-inglês, isso se o trabalho no domingo for reprovado. Se não passar o Substitutivo nº 02, nós vamos ter que votar no mal menor, que é o Projeto do Ver. Clóvis Brum, que tem o mérito importante de proibir o trabalho nos domingos, mas não entra na questão do trabalho aos sábados. Então, o nosso Substitutivo é o melhor, é o que defende mais os interesses de vocês.

 

O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Giovani Gregol, eu acompanho atento o vosso discurso e gostaria de até para não passar em julgado, dizer que pela lista de oradores que até este momento sucedeu-se na tribuna, nós que falamos, falamos sempre e estamos sempre aqui. O que também gostaria de fazer notar é que no geral das vezes o que não está aqui e, particularmente não está aqui hoje, é a cobertura que a sociedade precisa da imprensa e principalmente dos veículos mais importantes, aspas, assim considerados que não se vê neste Plenário. Este debate não interessaria ao conjunto da sociedade de Porto Alegre? Ou esta pauta não foi passada aos jornalistas que também estão ameaçados pelo Presidente Collor de Mello, na medida em que está impondo a desregulamentação de profissões como os jornalistas e outros? Queria falar, a exceção dos presentes veículos que estão aqui, que isso pode ser deliberado para não cobrir o resultado que aqui obtiverem os favoráveis aos trabalhadores.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Esta é uma decisão histórica e eu quero citar, falando nisso, de novo a Rádio Bandeirantes AM, que deu uma cobertura excelente para nós. Mas nós temos que pensar e os trabalhadores não podem pensar somente em si, a nossa união é que faz a nossa força. Nós temos que pensar onde estamos metidos, hoje, no Brasil, com este Governo Collor. Eu quero falar principalmente com aqueles que talvez ou provavelmente tem gente aqui que votou no Collor, é ou não é? Não precisa levantar o braço, não estou pedindo, mas deve ter gente aqui que votou no Collor, poucos mas deve ter. Na categoria de vocês milhares de companheiros votaram no Collor porque acreditaram e olhem o que o Collor fez.

Então, este projeto neoliberal - que de novo não tem nada - porque a exploração do capitalismo é muito antiga, é o projeto de passar com a patrola, com a esteira do tanque em cima do corpo dos trabalhadores. Ele já está mostrando antes da eleição. O segundo turno nem passou ainda, imaginem depois da eleição o que vem por aí. Só a nossa união é que pode nos salvar, não só os comerciários, das categorias entre si. Hoje os metalúrgicos, os funcionários públicos, hoje este País está sendo entregue novamente ao capital internacional, totalmente entregue ao regime, não é nem de super, mas de hiperexploração dos trabalhadores e ao capitalismo internacional. Querem privatizar a Petrobrás, estão acabando com o Banco do Brasil, querem privatizar a Companhia Siderúrgica Nacional, enfim tudo que significou alguma soberania, mesmo pouca para nós. Tudo isso eles querem destruir. Eu quero dizer que somos favoráveis e lutamos, na prática e não só no discurso, pela liberdade. Mas nós não queremos apenas a liberdade legal, jurídica, a liberdade em que um come caviar todos os dias e outro come lixo como milhares de crianças comem no Brasil, vivem no lixo, catando lixo. Nós queremos a liberdade legal e a liberdade econômica, nós queremos a igualdade, não nos serve somente a igualdade jurídica dos empresários, nós queremos um mínimo de condições de vida para todos e isso nós não temos.

Por isso, minha gente, “atrás de um balcão é preciso ter sim, um coração”. Isso é fundamental. Mas, além do coração é preciso ter uma cabeça pensante e política e dois braços, a fim de se juntarem pela construção, pela superação da sociedade de exploração capitalista e pela construção de uma Nação realmente digna deste nome. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Airto Ferronato.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meus amigos, minhas amigas comerciárias, vou votar com o Projeto do Líder do meu Partido, Ver. Clóvis Brum e gostaria de dizer que entendo que a abertura ou não do comércio aos domingos não é fator que irá aumentar a oferta de emprego no Município de Porto Alegre. Até porque entendo que se aumenta a oferta de emprego em Porto Alegre, em qualquer parte, com o aumento de produção, com o aumento nos salários e com o aumento no consumo. Então, entendo que essa busca dessa argumentação trazida pelos empresários de que com a abertura do comércio aos domingos iria aumentar o nível de emprego, nós discordamos radicalmente. Gostaríamos de dizer que desde o primeiro momento em que este Projeto entrou em discussão aqui na Câmara, eu fui procurado pelo Presidente do Sindicato dos Comerciários, o nosso amigo Barbosa, e dizia a ele que seria amplamente favorável a este Projeto. E com o Presidente uma série de pessoas do nosso relacionamento ligadas ao Sindicato dos Comerciários nos procuraram e a nossa colocação sempre foi essa: somos favoráveis ao Projeto, porque entendo justo, e estou usando o microfone neste momento até para dizer o que eu ouvi ontem à noite no Programa Câmera Dois. Quando nós vivemos um momento em que liberais entendem que é necessária a liberdade, que é necessária a livre iniciativa, que é necessária a desestabilização do serviço, na expectativa de, cada vez mais, buscar atividades rentáveis e, com isso obter um lucro fácil, e mais, na expectativa de quando der prejuízo ser acobertado pela estrutura pública, ontem ouvi e vi alguma coisa que me chamou a atenção: o Sr. Presidente do Sindicato das Empresas Revendedoras de Combustíveis, ou seja, os proprietários dos postos de gasolina, o Presidente estava dando pulos de raivoso, porque alguns postos de gasolina pretendiam conceder um desconto na venda do seu produto. Aí é que eu paro para pensar: que liberalismo é esse? Será que se quer um liberalismo onde a concorrência interna deve ser descartada? Isto é um absurdo! Portanto, a partir desse momento é que eu entendi da brevidade que requer a aprovação desse Projeto e eliminar-se, de uma vez por todas, esta pretensa idéia de se abrir o comércio aos domingos. Gostaria de dizer, também, que esta discussão de hoje está próxima àquela estória do bode na sala, ou seja, tirando-se o bode da sala as coisas melhoram. Por quê? Porque a grande discussão que se travou era a do sábado-inglês, e o Sr. Collor de Mello, numa medida lamentável, cria esta providência no sentido de se distorcer a discussão no setor. Eu acredito que merece uma discussão maior.

Para finalizar, e até mesmo porque entendo que todos os Vereadores que nos antecederam já expuseram a média pensante desta Casa, gostaria de dizer o seguinte: o melhor para a comunidade é o melhor para Porto Alegre, e o melhor para Porto Alegre é aquilo que é o melhor para sua população. Portanto, entendo que o melhor para Porto Alegre é não permitir a abertura do comércio aos domingos. Muito obrigado.

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Ervino Besson.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, amigos comerciários. Vou ser rápido porque estão todos cansados. Tenho sempre jogado aberto, franco, com o Presidente do Sindicato, Sr. Barbosa, e sempre tenho dito que sou favorável ao fechamento do comércio aos domingos, e vou votar favoravelmente ao Projeto de Lei do Ver. Clóvis Brum, e votarei contrariamente à Emenda nº 02, do Ver. José Valdir, porque nunca escondi, nunca fiz média em cima dos comerciários, e sou contra o sábado-inglês. Sei da luta dos comerciários, sei das dificuldades que todos passam. Agora, votando favoravelmente ao sábado-inglês iremos matar a cidade de Porto Alegre, e vejo que me olham com os olhos tristes, mas tomei essa decisão, e antes de tomar a decisão visitei pessoalmente diversas lojas do Centro da Cidade, e vou dar o meu voto tranqüilo, com minha consciência tranqüila, falei com os comerciários e 87,3% são contrários ao sábado-inglês. Portanto, vejam amigos comerciários, que a decisão que tomei foi depois de ter conversado com vocês, e pessoalmente, não mandei nenhum assessor, fui pessoalmente a diversas lojas do Centro da cidade de Porto Alegre e falei com os funcionários. A decisão deles foi a minha decisão.

Para encerrar, informo que votarei favoravelmente ao Projeto do Ver. Clóvis Brum e contrariamente ao Substitutivo nº 02, do Ver. José Valdir. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Cyro Martini.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu gostaria inicialmente de registrar a minha satisfação e a minha solidariedade aos companheiros comerciários aqui presentes, especialmente à direção da entidade que os congrega. Evidentemente nós não poderíamos deixar de vir a esta tribuna para registrar o nosso apoio. Nós não poderíamos compactuar, não poderíamos nos somar àqueles que querem explorar os comerciários. Nós temos, justamente, na qualidade de representantes do Povo de Porto Alegre, que buscar o entendimento e a justiça no meio daqueles que são interessados no assunto, interessados no sentido de justiça. E aí, sem dúvida, estão os comerciários. Se eles permitissem ao empresário a abertura do comércio aos domingos, sem dúvida estariam obrigando a si mesmos a trabalhar nos domingos, e o domingo, para nós é sagrado. É um dia onde nós procuramos desenvolver justamente os nossos momentos de lazer e isto tem que ser respeitado. Se todos nós queremos ter esse direito de ter o dia do domingo à disposição para a prática daquilo que nos apraz, nós queremos também que conosco venham compartilhar os comerciários. Não podemos permitir que o comércio abra aos domingos, porque sem dúvida os comerciários seriam obrigados, pelo sistema de comissão, a trabalharem no domingo. Por isso deixo aqui registrado o meu apoio, não por simpatia, mas por justiça, aos comerciários, e tenho certeza de que toda a causa justa como esta terá o meu apoio. Nós representamos justamente aquela classe mais humilde da nossa sociedade e não poderíamos fugir das nossas origens, por isso estamos aqui para registrar o nosso voto. Sou grato.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, um homem deve acreditar no que pensa e no que acredita. Eu não sei se aqueles jovens que já estão de costas estão pensando, mas é um direito que eles têm de fazer.

Nós vivemos num País onde a lei é atropelada todos os dias. Todos os dias se atropela a lei. E alguém que acredita no que pensa e pensa no que acredita, vê com tristeza que os que amanhã serão agredidos por outras leis não têm o mínimo interesse no que está acontecendo. Ninguém ouviu dizer que eu era a favor ou contra a abertura do comércio aos domingos. Eu não manifestei a minha opinião. Agora, entristeço-me quando vejo jovens apoiados na parede - ela não vai cair - para ficar de costas. Estão dando as costas; é nas costas que depois se leva porque não se cumpre lei neste País. O que este Vereador disse e vai defender intransigentemente é que a Lei Orgânica tem que ser cumprida. Todos os Vereadores desta Casa juraram cumpri-la. Eu também fiz isso aqui nesta tribuna no dia 1º de janeiro de 1989, e depois no dia 03 de abril de 1990 no Plenário, que fizeram para cumprir, para que jurássemos cumprir a Lei. Não estava pedindo a ninguém que votasse “abre ou fecha” no domingo, isso não faz diferença para mim. O que peço é que a Lei seja cumprida. E a Lei, sábia, diz no art. 76, repetindo o art. 49 da Lei anterior, que projetos de códigos, de planos diretores e de estatuto de funcionários são objetos de divulgação ampla para que a Cidade os comente, para que ela debata e não foi o que aconteceu. Vejam como acontecem as coisas, porque fazem leis no Congresso onde os Deputados não aparecem, porque fazem leis quando os senhores não estão aqui, porque é difícil vir a uma tribuna e encarar as costas dos senhores, saber que estou sendo desprezado. Mas na minha convicção estou dizendo a minha verdade, posso estar equivocado, mas o povo está virando as costas à verdade. Mas a CJR reuniu-se, pela manhã, e por cinco votos contra dois decidiu que o Projeto de Lei Complementar não é Complementar, é comum. Aqui, os donos da lei, os donos da verdade aceitam que realmente é uma lei comum e, por ser lei comum é um fato novo. Mas os donos da lei da verdade dizem que não é um fato novo que se aplica tudo o que se aplicava antes do Projeto de Lei Complementar. Se aplicam as mesmas coisas. Mas vejam, senhores de costas voltadas; senhoritas de costas voltadas, que amanhã talvez, a verdade não seja tão verdadeira. Aqui estão dois Projetos de Lei: um que está sendo votado, o de nº 1.739 - Projeto de Lei nº 021/90, com urgência decretada e que é um Projeto de Lei Complementar, mas que por um golpe de mágica passou a ser Projeto de Lei Comum. Um outro Projeto, um dia antes, Projeto de Lei Comum, estabelecendo as mesmas coisas com as mesmas palavras. Mas aí porque alguém soprou que era Projeto de Lei Complementar ele mudou, então se mudou, mudou tudo. Mas eu não vou tentar convencer ninguém, não vou tentar fazer nada porque eu sou um homem que acredita nas coisas que faz. Sou um homem que tenho a tranqüilidade de olhar nos olhos, até nos que estão de costas, porque eu tenho tranqüilidade, caminho nas ruas desta Cidade e sei que fiz muito nesta Cidade. Agora, tem uma coisa que eu não vou esquecer, porque eu fui agredido nesta tribuna, eu fui agredido numa rádio, que a voz do povo é a voz de Deus. Esses dias o Ver. Décio Schauren trouxe aqui um coral magnífico, e agora eu entendi o que é um coral. Um coral como aquele consegue, sem muito esforço, elevar a sua voz. No dia 19.12.1988 estes Vereadores todos eram diplomados Vereadores. O Ver. João Antônio Dib, o mais votado, foi chamado e houve uma prolongada salva de palmas. Agora, o Vereador que o agrediu aqui foi saudado com miado. E hoje eu entendi, porque se batessem palmas para o gato ele fugia, então a linguagem que ele entendia era o miado. O Ver. Clóvis Brum foi saudado com miado. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Sr. Presidente, diante da violência, da agressão intempestiva do Ver. João Dib a este Vereador, levado pelo espírito de ver votada esta matéria, não vou revidar à altura a molecagem dele. Muito obrigado.

 

(Apartes anti-regimentais.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito é o Ver. Vieira da Cunha.

 

(Apartes anti-regimentais.)

 

O SR. PRESIDENTE: Suspendemos os trabalhos por dois minutos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 18h23min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 18h24min): Recontamos o tempo do Ver. Vieira da Cunha que tem 10 minutos e são permitidos apartes.

 

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em primeiro lugar quero dizer que, fazendo referência a um pronunciamento do Ver. Giovani Gregol, sou daqueles que falam com o Plenário vazio e com o Plenário cheio, e sou daqueles que está sempre presente às Sessões Plenárias, e acho que um companheiro Vereador quando se dirige ao conjunto de seus colegas e faz críticas na presença de uma assistência numerosa como esta,não pode generalizar, Ver. Gregol. V. Exª, generalizando, contribui para desgastar a imagem dos políticos que levou a essa enxurrada de votos brancos e nulos na última eleição. V. Exª tem que vir à tribuna e dizer que o Vereador A, B, C, ou D não comparece, mas não dizer que quando o Plenário está cheio os Vereadores vêm fazer discurso e quando está vazio não vêm, porque eu sou um dos que vem com o Plenário cheio ou vazio, e muitos dos companheiros Vereadores também assim agem. Então, não vamos generalizar, em primeiro lugar. Em segundo lugar, o Ver. Dib está-se posicionando para tentar evitar que a matéria fosse hoje votada, no art. 76 da Lei Orgânica, que diz o seguinte: “Serão objeto de Lei Complementar os Códigos, o Estatuto dos Funcionários Públicos, as Leis dos Planos Diretores, bem como outras matérias previstas nesta Lei Orgânica.” O parágrafo 1º, que é a base de sustentação para o argumento do Ver. Dib: “Dos Projetos de Códigos e respectivas exposições de motivos, antes de submetidos à discussão da Câmara Municipal, será dada a divulgação mais ampla possível.” Então, Ver. Dib, sinceramente não sei qual o raciocínio que V. Exª fez para tentar enquadrar essa matéria neste dispositivo legal, não sei qual a relação do Projeto que estamos discutindo e vamos votar a seguir, com o parágrafo 1º do art. 76 da Lei Orgânica, que é claro, que fala em Código. Nós não estamos votando Código.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Vieira da Cunha, eu agradeço a citação que V. Exª faz porque pretendo elucidar alguma coisa. Nós estamos, na realidade, votando o Código de Posturas, Capítulo 5º, art. 33 e a Casa é testemunha que em 1988, votando assunto semelhante, o Presidente naquela oportunidade colocou editais no jornal conclamando a população para se manifestar e no ano passado, por Requerimentos de Vereadores da Casa, votando o Código Tributário do Município, quando alteramos taxas, alíquotas, etc., também a Câmara pediu que fosse dada ampla divulgação para que a população pudesse falar. Então, nós estamos votando o Código de Posturas. É por isso que este Vereador é intransigente, é chato até, mas quer que a Lei seja cumprida. Só isso. Muito obrigado.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Ver. Dib, eu não vou entrar no mérito, porque quero responder a V. Exª com o Parecer do Ver. Omar Ferri que, inclusive, motivou a transformação de um Projeto de Lei Complementar para um Projeto de Lei Ordinária. Então, veja V. Exª que se fosse alguma modificação do Código de Posturas, se trata o Código de uma Lei Complementar. Jamais nós poderíamos estar votando essa matéria como uma Lei Ordinária e estamos fazendo isso respaldados por uma decisão da Comissão de Justiça e por um Parecer da Auditoria.

Então veja, Ver. João Dib, embora defensável o ponto de vista de V. Exª, é um ponto de vista que não encontrou respaldo nem na Auditoria da Casa e muito menos na Comissão de Justiça e Redação da Câmara Municipal de Porto Alegre . Eu diria, Ver. Dib, que é um posicionamento defensável, mas no mínimo minoritário na Casa. A Casa se posicionou, ela resolveu dizer pelas suas instâncias legais que se trata de um Projeto de Lei Ordinária e assim nós estamos discutindo e assim nós votaremos. E eu quero dizer mesmo que assim não fosse, Ver. João Dib, eu pergunto a V. Exª que assunto é mais polêmico, vem sendo mais discutido no Município, vem recebendo espaços maiores no rádio, na TV, no jornal, na imprensa de Porto Alegre do que essa questão do trabalho aos domingos, nos últimos tempos. Não há rádio, não há jornal, não há televisão que já não fez, inclusive, um programa específico, uma entrevista especial sobre esse assunto. A Cidade comenta sobre esse assunto, a Cidade se posiciona sobre esse assunto. Então é um assunto público que está sendo discutido pela categoria e não é de hoje. Eu nem pensava em concorrer a Vereador e essa discussão já se fazia em Porto Alegre.

Então a divulgação, o conhecimento da população, até escrevi o que V. Exª disse: “A ampla divulgação é necessária para que a Cidade comente o Projeto, para que ela debata o Projeto.” Mas a Cidade comenta o Projeto, a Cidade debate o assunto há muitos anos. No entanto, mesmo que o seu ponto de vista fosse correto não haveria vício, não haveria nulidade, porque a divulgação ocorreu naturalmente por se tratar de um assunto polêmico.

Eu quero dizer no mérito do Projeto o seguinte, para deixar clara a minha posição: em primeiro lugar a Constituição Federal, os Constituintes Federais foram realmente muito competentes em meias conquistas (mostra a Constituição), esse livrinho aqui é um livrinho de meias conquistas. Os trabalhadores queriam 40 horas, deram 44 horas, assim por diante; queriam 100% na hora extra, ganharam 50% e assim vai. E na questão do repouso semanal a mesma coisa. O Constituinte colocou, no art. 70 inciso XV, ao invés do repouso semanal remunerado aos domingos, conseguiram por uma Emenda, provavelmente do chamado famoso Centrão, preferencialmente aos domingos.

Então, é uma meia conquista. O que deveria estar aqui como conquista dos trabalhadores era o repouso semanal remunerado aos domingos. Mas já é um avanço a própria Constituição Federal indicar o domingo como repouso semanal obrigatório.

Quanto ao Decreto do Sr. Collor de Mello, está bem de acordo com o caráter demagógico e populista deste Governo. Gostam muito de chamar a nós, Ver. Gregol, do PDT, de demagogos e populistas. Eu não consigo encontrar um exemplo maior de demagogia e de populismo neste País, do que este Governo Collor de Mello; levanta a questão por decreto, e ele mesmo coloca no Decreto dele, remissão ao inciso I do art. 30 da Constituição Federal. Então ele diz que o comércio é livre aos domingos, respeitado o inciso I do art. 30 da Constituição Federal. E quem se der ao trabalho de ler o inciso I do art. 30 da Constituição Federal vai ver que é exatamente onde está colocado a competência do Município sobre a matéria. Então, o Presidente larga um Decreto e faz remissão à competência do Município. Então, quem tem competência para decidir isso, pela Constituição Federal, por decisões reiteradas dos Tribunais, do Supremo Tribunal Federal e, pasmem os Senhores, pelo próprio Decreto do Sr. Presidente da República, somos nós, Vereadores, que não podemos e não devemos fugir a essa responsabilidade. E temos que votar de acordo com as nossas consciências e, principalmente, com os princípios programáticos que norteiam os nossos partidos. Eu levo isto com muita seriedade na hora que voto e na hora que defino em que lado estou. O meu Partido, o PDT, tem um programa. Um programa que se coloca claramente ao lado dos trabalhadores. E quando eu decido o meu voto eu ouço o Sindicato dos Trabalhadores. Sempre! E aqui, Ver. Leão de Medeiros, voto por coerência o sábado-inglês a favor e voto por coerência “domingo não”, também. Voto, Ver. Leão e, aliás, já votei nesta Casa e voto novamente.

Por isso, no final, quero declarar o meu apoio ao Substitutivo do Ver. José Valdir, do PT, que quer ampliar a proibição do funcionamento aos domingos para também proibir aos sábados à tarde. E se por acaso este Projeto do Ver. José Valdir não encontrar maioria para aprovação, voto no Projeto original do Ver. Clóvis Brum. Contra a exploração dos trabalhadores comerciários. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, há pouco tomei conhecimento de um Ofício subscrito pelo Ver. Clóvis Brum que, em razão da Comissão de Justiça, solicita que seja transformado o Projeto de Lei Complementar Legislativo nº 021/90 em Projeto de Lei Legislativo normal, Ordinário e tomo conhecimento exatamente do deferimento de V. Exª, tendo em vista a decisão da Comissão. Data vênia desse entendimento, eu entendo que embora na Comissão de Justiça haja por 5 a 2 de que se trata de um Projeto de Lei Ordinária e não de um Projeto de Lei Complementar, eu entendo que face à relevância da matéria, é uma decisão que tem que passar pela decisão, pelo poder soberano desse Plenário, razão pela qual entendo que este Plenário deve se manifestar sobre a matéria, inclusive sobre a transformação desse Projeto de Lei Complementar em Projeto de Lei Ordinária sob pena de estarmos atropelando o processo legislativo.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, lamento muito, nós já tomamos a decisão no início da Sessão e, lamentavelmente, V. Exª não estava presente e nenhum dos Vereadores requereu. Já está tomada a decisão. A Mesa não vai dialogar com Vossa Excelência.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Só quero sustentar a tese aqui, Sr. Presidente, neste momento que não há preclusão, porque durante a Sessão me ausentei por alguns minutos, mas estive presente permanentemente aqui quando foi lida essa comunicação da Comissão de Justiça. Não há, no meu entendimento, uma preclusão do direito de recorrer de uma decisão, sobretudo de uma decisão dessas, cujas repercussões são muito grandes sob o ponto de vista da cidade de Porto Alegre.

 

O SR. PRESIDENTE: Registrado a Questão de Ordem de V. Exª.

Com a palavra o Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, numa brincadeira que faço sempre, eu digo que estou consultando ainda a minha Bancada, que é de um só Vereador, sobre se eu vou votar no nº 01, no nº 02 ou no Projeto, e eu ainda não tenho decisão a respeito. Eu queria dizer que uma decisão eu tenho, eu sou contra o atropelo que foi esta votação. Esta votação veio para o Plenário sem um Parecer bem elaborado. A única reunião que fui convidado a participar sobre este assunto foi exatamente na hora da votação da Ordem do Dia, em que o Vereador tem que estar aqui, inclusive, até pela Lei Orgânica, que diz que o Vereador que não estiver na hora da Ordem do Dia tem descontado o seu salário. Não é por isso que não saí, é porque a função é estar aqui.

Eu também queria dizer ao Ver. Gregol, que com pessoas ou sem pessoas aqui, o número de oradores se faz pela importância do assunto e não pelo seu número de pessoas que estão no Plenário. Eu vou lhe dar um aparte agora, Ver. Giovani Gregol, porque vou dizer outra coisa a respeito de V. Exª, e então V. Exª pode dizer as duas coisas juntas. O Ver. Gregol, então, coloca isso dizendo até que uns de esquerda, de pseudo-esquerda, a mim efetivamente ele não se referia, se referia a alguns Vereadores, porque não sou pseudo-esquerda, direita, nem de nada; sou um Vereador desta Casa. O Ver. Gregol, que ironiza o de centro e que se diz o ecologista da Casa, foi o único Vereador que foi punido pelo Tribunal Regional Eleitoral porque fez propaganda em árvores da Cidade. Foi o único! Coitadas das palmeiras da Av. Osvaldo Aranha! Foi um dos poucos que poluiu o muro do colégio Protásio Alves, que é um prédio bucólico e não pode ser pichado. Nós não estamos aqui, eu ao menos não estou, fazendo concurso de beleza com ninguém. Eu voto de acordo com a minha consciência.

 

O Sr. Giovani Gregol: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, quanto à questão do voto, obviamente ninguém pode interpor nada, é legítima. Para esclarecer a todos os Vereadores, às pessoas aqui presentes, a V. Exª, ao Ver. Vieira da Cunha, o que eu disse, e repito, e repetirei tantas vezes quanto for necessário, é que alguns Vereadores que fazem, e não me interessa se o Plenário está vazio ou cheio, discurso de defesa intransigente dos interesses dos trabalhadores, nem sempre votam de acordo com os interesses destes mesmos trabalhadores. E diariamente, semanalmente, se vê isto aqui. É um fato conhecido. Eu mantenho isso e provo. Basta ver as planilhas de votação. Também me referi ao caso do sábado-inglês. Muitos Vereadores que agora, aqui, fizeram esta defesa, durante a Lei Orgânica votaram contra o sábado-inglês. É só pegar a lista de votação e conferir. Está registrado, Vereador. Eu não quero citar algum porque posso me esquecer de vários. Faz quase um ano e a minha memória é muito fraca. Quanto às árvores, foi na campanha de 1986 e as palmeiras da Av. Osvaldo Aranha foram pintadas com giz, e giz não é poluição. Quando uma criança escreve no quadro-negro com giz colorido, V. Exª não diz que ela está poluindo. Giz não é poluição, a chuva lava.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: É uma pena que a Justiça Eleitoral, à época, não tenha assim considerado. Para as pessoas que estão aí, o Ver. Giovani Gregol faz aquilo que se chama a meia verdade. A maior parte dos Vereadores que votou contra o sábado-inglês, aqui na Lei Orgânica, votou porque não era na lei Orgânica que deveria entrar o sábado-inglês. Porque se fosse na Lei Orgânica, para passar o sábado-inglês precisava de 22 votos. E aí sim, Ver. Gregol, não passaria nunca. V. Exª, assim, estaria ajudando os tais patrões que estão sendo muito citados aqui. Então, o Ver. Gregol, como é um Vereador jovem, inexperiente, ele de vez em quando ajuda uma posição que não é a que ele gostaria de ajudar. Ele queria ajudar o sábado-inglês mas votou a favor na Lei Orgânica, que não era o caso. Terceira coisa, efetivamente, há dúvidas e que, eventualmente, podem ser empecilhos para certas coisas, porque da outra vez que foi votado o sábado-inglês, e quem estava presidindo a Sessão era eu, na licença do então Presidente Brochado da Rocha, naquela época foi votado como Lei Complementar e obteve, se não me engano, numa das votações quatorze votos favoráveis ao sábado-inglês. Se naquela época tivéssemos votado Lei Ordinária, o sábado-inglês, hoje, era Lei. E foi votado, naquela época, como Lei Complementar por orientação jurídica dos advogados da Câmara de Vereadores e eu, como Presidente Substituto, fiz as publicações que eram necessárias porque votamos como Lei Complementar. Hoje já se muda e é por isso que considero que houve um atropelo.

Quanto à votação, nós temos uma série de Substitutivos, temos uma série de Projetos e eu não vou aceitar, ainda que isso prejudique, talvez, a minha convicção que se proponha aqui como pode ocorrer que não se vote o Substitutivo do Vereador do PT, nº 02, porque há poucos dias o Ver. Vieira da Cunha apresentou um Projeto de Lei sobre a carne de Chernobyl, dizendo que se fosse vendida a carne em Porto Alegre tinha que ter identificação. Eu apresentei um Projeto proibindo a venda em Porto Alegre, sob pena de cassação.

 

O Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu tenho uma maneira de ser, de evitar legislar o que eu não tenho competência para fazer. V. Exª conhece a estória dos chinelos, de não ir além dos chinelos. Esse assunto de comercialização, a venda da carne, não é da nossa competência. O meu Projeto diz que se, e quando, for vendida a carne em Porto Alegre ela tem que ser identificada.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: O assunto da carne será discutido oportunamente. Eu queria dar o exemplo de que o meu Substitutivo é exatamente o contrário do Projeto do Ver. Vieira da Cunha. Ele entrou como Substitutivo e altera radicalmente. O Substitutivo do Ver. José Valdir, que altera também, mas é Substitutivo e tem que ser votado hoje.

Encerro dizendo que apresentei uma série de Emendas ao Projeto do Ver. Clóvis Brum que eu pessoalmente acho que sejam importantes. Como o meu tempo se esgotou no encaminhamento, então darei continuidade ao meu raciocínio que estou fazendo neste momento, porque não quero que o Sr. Presidente considere isso como uma transgressão a sua brilhante condução destes trabalhos. O Presidente, ao ser elogiado pelo Ver. Clóvis Brum, sofreu uma injustiça porque não foi lembrado que esta é uma das últimas Sessões que ele preside nesta Casa, eis que o povo desta Cidade, reconhecendo seus méritos, o elegeu Deputado. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Em votação a prorrogação da Sessão que se esgota, agora, às 19h50min. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

Solicito ao Sr. 1º Secretário que apregoe as Emendas.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Apregoa as Emendas.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa esclarece que em função da argüição do art. 81, as Emendas, como o Projeto, não terão Parecer do Relator. No momento da votação serão lidas para conhecimento do Plenário.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA (Requerimento): Gostaria de poder contar com cópia das Emendas.

 

O SR. PRESIDENTE: Será providenciado. Em votação.

Com a palavra, para encaminhar, o Ver. Clóvis Brum.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, tomo nesta oportunidade uma decisão que considero muito importante na minha vida pública. Uma decisão que coloca acima das ambições pessoais, dos sentimentos pessoais uma causa maior. Ao proferir o meu voto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, sei que estou derrotando o meu próprio Projeto, mas salvando a causa maior, porque vota-se em primeiro lugar o Substitutivo. E se neste Substitutivo tem o sábado-inglês, que durante a visitação que fiz às lojas desta Cidade ouvi dos comerciários esta reclamação e este pedido.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Artur Zanella.)

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Não interessa a autoria, a autoria da matéria para mim é irrelevante, o meu, ou o Substitutivo do Ver. José Valdir, ou qualquer outro, de qualquer outro Vereador. O que está em jogo, acima de tudo, indiscutivelmente, é a causa maior de milhares de trabalhadores desta Cidade que me convenceram, sim, da necessidade do sábado-inglês, que me convenceram sim, de não se trabalhar mais sábado à tarde, como nós, Vereadores, não trabalhamos sábado à tarde. Como nenhum Vereador do PDS trabalha sábado à tarde, com exceção do Vereador que é médico. Por isso, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, aliás, o Ver. Artur Zanella é muito indelicado nas suas intervenções intempestivas e mal educadas. Ele sabe que o Ver. Leão de Medeiros executa um serviço essencial e por isso tem que trabalhar, e é muito bem pago para trabalhar. É serviço essencial, segurança pública. Mas comércio não é serviço essencial.

Por isso, Presidente, vou votar na primeira votação contra o Substitutivo do Ver. Wilson Santos e a favor do Substitutivo do Ver. José Valdir e, se não conseguirmos aprová-lo, voto contra os outros dois e voto a favor do Projeto original. Uma coisa é indiscutível: talvez me reste apenas a alegria de ter possibilitado a votação do sábado-inglês, nesta tarde também. Ninguém vai tirar esta oportunidade de votar o sábado-inglês e o “domingo não”, hoje. Há um Substitutivo que contempla o meu Projeto, o “domingo não”, e há neste Substitutivo a posição do sábado-inglês. Pois o meu Projeto, Sr. Presidente, oportunizou a que discutíssemos também o sábado-inglês, ele está no bojo da votação. Nós saberemos conduzir este processo. Procurei a Bancada do PT para uma composição em que se resgatasse a minha iniciativa e a do Ver. José Valdir. Pela rapidez com que se encerrava a discussão não foi possível viabilizar esse entendimento mas eles, para mim, até ficam em segundo plano. O que para mim importa hoje, é que nesta tarde vai se tomar uma decisão que contraria frontalmente algumas posições na Casa. Por isso, na primeira votação voto com o Substitutivo do Ver. José Valdir e espero que, se não for aprovado o seu Substitutivo, possa contar com o voto da Bancada do PT no meu Projeto “domingo não”. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver. Clóvis Brum entre as suas inúmeras virtudes tem duas coisas que às vezes desqualificam seus brilhantes discursos. Uma que ele não entende quando as coisas são ditas a ele, e quando eu digo que os policiais, e só temos um hoje, tem trabalho de manhã, de tarde, de noite, estão sempre em serviço mesmo em casa, não se está desvirtuando nada e nem se adiantando voto. Segundo lugar, o Ver. Clóvis Brum muda muito de opinião, de autor do Projeto que homenageia o Sr. Alécio Ughini e a sua Excelentíssima esposa, o Ver. Clóvis Brum esses dias cita como exemplo de mau patrão o Dr. Alécio Ughini. Então é o caso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como não foi entregue ainda o título do Dr. Ughini e sua Excelentíssima esposa Dona Ughini, se imagina que o Ver. Clóvis Brum quem sabe peça a revogação do título. Então convido aos senhores todos para uma Sessão Solene para entrega, pelo Ver. Clóvis Brum, do título de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Dr. Ughini, homenageando um bom patrão. Porque ele conhece patrões bons e patrões que não são tão bons assim.

Quanto ao Projeto e ao Substitutivo, eu quero dizer aos senhores e as senhoras claramente que eu vou me abster de votar - por uma questão de respeito aos meus colegas a quem admiro muito -, o Substitutivo do Ver. Wilson Santos e o do Ver. Leão de Medeiros, que colocam bem as suas convicções. Eu pessoalmente tenho a convicção de que alguns ramos do comércio podem e até devem trabalhar em todos os dias, mas não sou a favor da abertura ampla e geral do comércio. Quanto ao Ver. José Valdir, acho que o momento não é este porque nós estamos tratando aqui, do domingo e não do sábado, e eu votarei contra. Quanto ao Projeto do Ver. Clóvis Brum, a quem apresentei uma série de Emendas que refletem o meu pensamento, minha maneira de ser, não pedi para ninguém votar junto comigo. Provavelmente perderei com o meu voto sozinho no Projeto do Ver. Clóvis Brum, com as Emendas que eu apresentei e que provavelmente serão derrotadas; vou votar a favor do Projeto do Ver. Clóvis Brum. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encaminha pelo PTB o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Srs. comerciários, no começo desta tarde nós iniciávamos discutindo este Projeto dizendo que muito mais do que o domingo nós estávamos votando também hoje aqui o sábado-inglês. E li, inclusive, algumas leis e fazia questão de citar aqui a Lei nº 605, Lei Federal e também o Decreto que regulamentou a Lei nº 605, do mesmo ano de 1949. Li artigo da CLT que dizia sobre o descanso remunerado, preferencialmente aos domingos, falava sobre o Decreto do Presidente Collor de Mello que facultava o trabalho aos domingos e que entregava para nós, do Legislativo, a responsabilidade de fazermos leis que proibissem ou que permitissem o trabalho aos domingos. Mas exatamente porque desde o início, desde que o Sindicato começou a expandir a idéia do sábado-inglês, a trabalhar com a idéia do sábado-inglês, nós estamos acompanhando este Projeto, e eu posso dizer para vocês que participei na Legislatura passada aqui nesta Casa, de três votações e falei realmente para a calasse dos comerciários, conversei com o Ver. José Valdir e com outros Vereadores desta Casa que eu não acreditava realmente na passagem do Projeto do sábado-inglês, não acreditava, tanto é que sugeri, e isto já fiz há muito tempo atrás e venho acompanhando esse meu pensamento, juntamente com o Sindicato dos Comerciários, sugeri que passássemos o sábado-inglês de maneira escalonada, que primeiramente passássemos janeiro e fevereiro e, depois, começássemos a introduzir outros meses até que pudéssemos atingir a idéia total. Eu acredito que se não fosse o processo de votação que se verificou, a tramitação do processo, se não fosse surgir o problema do domingo e a grande mobilização do Sindicato, a grande mobilização dos comerciários, nós não teríamos a oportunidade de chegar hoje, no final do mês de outubro, com a possibilidade quase que concreta de passar o Projeto do sábado-inglês, que é um Projeto apresentado como Substitutivo pelo Ver. José Valdir.

Mas o Ver. José Valdir sabe muito bem que esse Projeto do sábado-inglês não é bem sua propriedade, muito embora ele tenha muitos méritos quanto à apresentação desse Projeto aqui na Casa, mas é uma luta de longo tempo do Sindicato dos Comerciários e de toda a categoria dos comerciários que hoje, mais uma vez está aqui, não para pressionar os Vereadores, não para cobrar dos seus Vereadores, mas para acompanhar mais um lance da grande luta pela passagem do sábado-inglês, que será uma das maiores conquistas dos trabalhadores comerciários aqui na cidade de Porto Alegre. Eu estou sendo coerente. Disse no início para todos vocês, que iria votar o Projeto Substitutivo do Ver. José Valdir e iria votá-lo com a condição de que votaria hoje, para que nós pudéssemos fazer um teste se o Projeto teria ou não chance de passar perante este Plenário. E parece que o Projeto Substitutivo do Ver. José Valdir tem muita chance de passar. Mas, se por acaso o Projeto fosse derrotado hoje, nós estaríamos votando o Projeto original do Ver. Clóvis Brum, que oferece a obrigatoriedade de fechar aos domingos e estaríamos, também, contando com o Ver. José Valdir e com os demais Vereadores desta Casa para que aquele nosso plano do sábado-inglês escalonado pudesse ser colocado em prática proximamente. E eu até recebi uma certa aquiescência do Ver. José Valdir, que tenho certeza também receberia dos outros Vereadores do PT nesta Casa. Mas, pelo que vejo, não vai ser necessário, pelo que temos conversado, pelas idéias que temos trocado com os outros Vereadores, pela euforia que já vejo nos olhos dos comerciários parece que não vai ser necessário tudo isso. Parece que essa longa luta que nós, todos nós, temos tido, juntos, para que os comerciários tenham o direito do lazer com os seus familiares no final de semana, vai chegar ao final no dia de hoje e parece que hoje nós vamos ter aprovado não apenas aquilo que os comerciários entraram aqui para defender, que era exatamente a possibilidade de não trabalhar aos domingos, de não continuar trabalhando aos domingos, mas a conquista do sábado-inglês. Parabéns comerciários por esta grande luta. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encaminha pelo PDT o Ver. Dilamar Machado. V. Exª está com a palavra.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, uma tarde inteira se ouviu tantos companheiros, tantas teses, tantas colocações. Eu diria que quanto mais os anos passam e a minha vida se escoa dentro da vida pública, mais eu tenho respeito pela vida pública, pela política e até entendo, às vezes compreendo os posicionamentos mais apaixonados, os desentendimentos, mas vejo que os designos desta tarde nos levam a uma conquista, eu diria para alguns, inesperada, mas para outros muito esperada.

Nós, Vereadores de uma Cidade como Porto Alegre não temos, companheiros comerciários, o condão de melhorar o salário de vocês, de garantir o emprego de vocês. Quem sabe dar ao comerciário ou à comerciária a creche para o filho da mãe que trabalha, a casa para o comerciário morar, o melhor transporte coletivo. Mas nós podemos dar a vocês, hoje, unidos nesta Casa, aquilo que é a grande luta de cada ser humano e que nós, seres humanos, queremos e buscamos, no nosso relacionamento interpessoal, no nosso casamento, no nosso namoro, no nosso noivado, na nossa convivência profissional e de amizade. Nós queremos é ser felizes. O que nós queremos é a felicidade nossa e de nossos irmãos.

Então, o que vamos conquistar hoje, talvez por caminhos não traçados, é a felicidade, é o corolário da luta de uma categoria composta por mais de cem mil pessoas desta Cidade e que vem se jogando contra o Poder, e que vai sair daqui, hoje, com uma conquista efetivamente histórica.

Eu quero dar ao meu companheiro, Ver. Clóvis Brum, quero dar ao companheiro Ver. José Valdir, quero dar ao companheiro Ver. Luiz Braz, a minha solidariedade na luta que empreenderam, a seu modo, cada um da sua forma, para chegarmos a esta conquista. E dizer que se algumas manobras foram feitas, até jogando domingo - não os comerciários, não o Sindicato, mas se o outro lado tentou o “domingo não” - e com isso amordaçar a luta do sábado-inglês, o tiro saiu pela culatra, porque as duas lutas estão sendo vencidas.

Quero dizer que a Bancada do PDT veio nesta tarde para esta Casa e para esta tribuna, com o compromisso de apoiar integralmente o Projeto do Ver. Clóvis Brum. Nenhum voto do PDT seria contrário ao Projeto do Ver. Clóvis Brum. Quero dizer que eu pessoalmente vou ressalvar o voto do Ver. Isaac Ainhorn, embora ele tenha aqui nesta Casa, há dois dias, assumido publicamente com o Ver. Clóvis Brum o compromisso de votar no seu Projeto. Mas ele está dizendo que não é verdade. Então, o Ver. Isaac Ainhorn votaria contra o “domingo não”.

A única vez que nesta Casa se votou, enquanto Vereador de Porto Alegre, nesta Legislatura, o sábado-inglês, que foi durante a Lei Orgânica, eu votei a favor do sábado-inglês. Vou novamente votar e agora com mais liberdade, porque me constrangia. Eu via a luta política do Ver. Clóvis Brum, não é do meu Partido, mas é um companheiro a quem eu respeito. Eu vi o Ver. Clóvis Brum trabalhar em cima desse Projeto dia e noite até coroar o seu trabalho. Mas ele veio em forma desassombrada, de forma grande, inteligente e abriu. Ele vai votar no Substitutivo do Ver. José Valdir; eu também vou votar. A minha Bancada indiscutivelmente pode ter algumas resistências, não foi uma questão nem discutida na Bancada o sábado-inglês, porque entendíamos que não era hora. Mas a Bancada do PDT está definitivamente liberada para tomar a posição que quiser. Eu conheço os meus companheiros, sei que a maioria vai votar a favor do sábado-inglês. Por isso quero dizer a vocês, companheiros comerciários, o que nos resta dessa longa jornada desse sábado à tarde é mostrar que um grupo de homens e uma mulher, brava companheira Letícia Arruda, reunidos numa Casa Legislativa, podem fazer muito mais pelo povo brasileiro do que um Congresso que está definitivamente amordaçado pelos grandes interesses do capital e dos patrões. Muito obrigado e felicidades a vocês.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Questão de Ordem com o Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, entre as Emendas que apresentei tem a de nº 03, onde coloco que “... ficam excluídos os estabelecimentos comerciais situados ...” e eu corrigi no original e não sabia que já havia sido reproduzido. Eu corrigi no original dizendo o seguinte: “... estabelecimentos comerciais situados na zona fiscal três ...” e não somente na dois.

 

O SR. PRESIDENTE: Encaminha pelo PCB o Ver. Lauro Hagemann.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não haveria necessidade de encaminhar o processo depois do meu pronunciamento no tempo regular.

Esta Casa está na iminência de uma votação histórica, porque o que parecia uma coisa está se alastrando e nós estamos chegando a uma verdadeira revolução. Os comerciários, em número reduzido em função da imensidão da categoria que trabalha em Porto Alegre, talvez não estejam se dando conta de estar participando hoje, nesta tarde intempestuosa de Porto Alegre, de um processo diferente. É possível até que isso seja efeito da votação de 3 de outubro. Há uma ânsia de rebeldia no ar que se transferiu até, quem sabe, a este Plenário.

Por isso eu também gostaria de dizer que há um fator importante nesta tarde, que foi a posição do Ver. Clóvis Brum ao abrir mão do seu Projeto em primeira instância, para que seja aprovado o Substitutivo do Ver. José Valdir. Ele deu uma demonstração de compreensão para o momento que estamos vivendo. E mais ainda, ele possibilitou que estes dois Projetos que irão ser votados sejam acoplados, porque de repente nós, que estávamos para votar aqui a proibição do trabalho aos domingos, estamos acabando de votar também o sábado-inglês.

Então, é preciso que isso fique bem marcado na memória de todos, porque até poderia ter havido uma manobra. O Ver. Clóvis Brum poderia ter retirado o seu Projeto e com isso cairiam até os Substitutivos e nós ficaríamos “sem mel e nem porongo”. Por isso a categoria comerciária que está aqui hoje deve alguma coisa ao Ver. Clóvis Brum, e é claro que vamos votar pelo Substitutivo nº 02 que parece que já está com a sua aprovação garantida. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. José Valdir, que encaminha pela Bancada do PT.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, companheiros comerciários, nós estamos prestes a tomar nesta Casa uma das decisões mais importantes já tomada neste Plenário da Câmara de Vereadores. Uma decisão histórica. E quero dizer que dessa decisão é importante ressaltar a atitude correta de muitos Vereadores desta Casa.

Em primeiro lugar, apesar das nossas diferenças, apesar dos debates acirrados é preciso reconhecer estas atitudes de muitos Vereadores. Nós queremos dizer que nem sempre o debate é perdido, pois não fosse a insistência do Ver. Omar Ferri e do Ver. Antonio Hohlfeldt para que os debates continuassem nesta Casa, talvez nós não chegássemos a esse resultado que eu acho que nós estamos chegando, que é o de aprovar aqui o sábado-inglês. Graças ao debate, porque o debate sempre é esclarecedor. Eu quero deixar bem claro uma coisa na tarde de hoje; nós do Partido dos Trabalhadores temos profundas divergências com o PDS, mas ao mesmo tempo devemos reconhecer que a atitude do PDS sempre foi uma atitude coerente com o que eles pensam. Embora o PDS tenha sido exatamente o oposto do PT, mas sempre tem tido uma postura coerente, o que defende o Ver. João Dib, tem vindo à tribuna defender aquilo que pensa e nós respeitamos. Democracia é isso.

Quero ressaltar, Ver. Luiz Braz, apesar de todos os debates que nós fizemos, V. Exª teve grandiosidade na forma, não só como se portou aqui na tribuna, mas em garantir um voto que talvez seja decisivo para aprovar pela primeira vez essa bandeira histórica do sábado-inglês. Quero também ressaltar a grandiosidade do Ver. Clóvis Brum e dizer que o mesmo, ao colocar aqui na tribuna que vai votar com o Substitutivo, está fazendo o que dissemos no início que faríamos, caso o nosso Substitutivo não fosse aprovado, que votaríamos - toda a Bancada do PT - no Projeto do Ver. Clóvis Brum. Mas como eu disse, acho que vamos conseguir aqui aprovar não só o domingo, mas aprovar também o sábado. Quero colocar também que a Bancada do PDT, e ressalto algumas pessoas, como o Ver. Vieira da Cunha, que historicamente votou a favor do sábado-inglês, o Ver. Dilamar Machado também, fazer um apelo para a Bancada do PDT, que na Lei Orgânica majoritariamente votou a favor do sábado-inglês, que continue votando da mesma forma porque o que está em jogo aqui não é só a questão do sábado-inglês, está em jogo marcarmos mais um gol no combate ao Collor de Mello. Nós marcamos mais um tento nesta luta contra as atitudes do Governo Collor de Mello e acho que a Bancada do PDT entende esta questão política essencial no momento em que vivemos. Tenho certeza, Ver. Dilamar Machado, que o meu apelo, aliado ao seu apelo, vai surtir efeito, nós vamos conseguir aprovar o Substitutivo nº 02, aliada, já coloquei, à grandiosidade do Ver. Clóvis Brum, do Ver. Luiz Braz, como disseram os mesmos: esta bandeira não é minha, não é de ninguém desta Casa. Esta bandeira é uma bandeira dos comerciários e não só de Porto Alegre, de todo o Estado. É uma bandeira dos comerciários, não é somente do PT, do PDT. Neste momento eu faço um apelo para que votem de forma coerente e a esses Vereadores que, de uma forma ou de outra sempre têm lutado nesta Casa, como é o caso do Ver. Clóvis Brum, como é o caso do Ver. Luiz Braz, de parte importante da Bancada majoritária do PDT, que continuem votando, aprovando o Substitutivo nº 02 para finalmente aprovarmos o sábado-inglês. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerramos os encaminhamentos. Vamos para a votação.

O Sr. 1º Secretário vai orientar novamente o Plenário para que não haja dúvidas.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: A Mesa já enunciou a forma de votação do Processo e repete que se vota em primeiro lugar o Substitutivo nº 01, de autoria do Ver. Wilson Santos. Se o Substitutivo for aprovado, se vota a Emenda nº 01 a ele aposta. Se ele for rejeitado, passa-se à votação do Substitutivo nº 02 e assim sucessivamente até se chegar ao Projeto. Os Vereadores que responderem “sim” estão aprovando o Substitutivo do Ver. Wilson Santos, de nº 01.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA (Questão de Ordem): Eu quero fazer um esclarecimento à Mesa e gostaria que a Mesa adotasse este critério para todas as votações. Sempre que referir qual Substitutivo, referir também se há alguma Emenda apresentada a este Substitutivo ou ao Projeto.

 

O SR. EDI MORELLI (Questão de Ordem): Se aprovado o sábado-inglês, durante as festas de fim de ano o comércio fica fechado? Não existe nenhuma Emenda sobre esta questão.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa vai colocar o Substitutivo e vai ler as Emendas.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: A Mesa volta a informar ao Plenário que só existe uma Emenda ao Substitutivo nº 01, os outros Substitutivos não têm Emendas. As oito Emendas que a Mesa apregoou agora há pouco se referem ao Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE: E essas Emendas se encontram à disposição dos Vereadores. O Vereador poderá acompanhar pela própria Emenda, quando citarmos o seu número.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: A primeira votação se referirá ao Substitutivo nº 01. Se for aprovado, será posta em votação a Emenda ao Substitutivo nº 01, que é a única que consta relativamente ao Substitutivo, que são em número de quatro.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): V. Exª forneceu uma Questão de Ordem ao Ver. Edi Morelli, ele fez uma indagação à Mesa e eu quero complementar a Questão de Ordem, não só para esclarecimento do Vereador, como de todos, no final do Projeto diz que “a Lei entra em vigor no prazo de 90 dias”. Quero dizer que, neste ano, estaremos absolutamente tranqüilos, pois teremos o ano todo depois para podermos fazer as alterações necessárias com relação à Lei. Então não existe nenhum tipo de divergência, de correção a fazer com essa votação.

 

O SR. PRESIDENTE: Imaginamos que todos tenham ouvido o que V. Exª está colocando.

Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação, pois vamos fazer votação nominal. Vamos colocar em votação o Substitutivo nº 01.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal dos Srs. Vereadores e colhe os votos.) Sr. Presidente, 05 Srs. Vereadores votaram SIM, 24 votaram NÃO e 02 Srs. Vereadores ABSTIVERAM-SE de votar.

 

O SR. PRESIDENTE: REJEITADO o Substitutivo nº 01. Prejudicada a Emenda nº 01.

 

(Votaram SIM os Vereadores Isaac Ainhorn, João Dib, Leão de Medeiros, Vicente Dutra e Wilson Santos. Votaram NÃO os Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Clóvis Brum, Cyro Martini, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Ervino Besson, Gert Schinke, Giovani Gregol, Jaques Machado, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Nelson Castan, Omar Ferri, Vieira da Cunha, Wilton Araújo, Adroaldo Corrêa, Heriberto Back e Antonio Losada. ABSTIVERAM-SE de votar os Vereadores Artur Zanella e Edi Morelli.)

 

O SR. PRESIDENTE: Vamos colocar em votação o Substitutivo nº 02. Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda à chamada dos Srs. Vereadores para a votação.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos.) Sr. Presidente, 20 Srs. Vereadores votaram SIM e 11 votaram NÃO.

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADO o Substitutivo nº 02. Prejudicados os Substitutivos nºs 03 e 04, o Projeto e as Emendas ao Projeto de nºs 01, 02, 07 e 08, já que foram retiradas as Emendas de nºs 03, 04, 05 e 06.

 

(Votaram SIM os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Clóvis Brum, Cyro Martini, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Gert Schinke, Giovani Gregol, Jaques Machado, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Letícia Arruda, Luiz Braz, Nelson Castan, Vieira da Cunha, Wilton Araújo, Adroaldo Corrêa, Heriberto Back e Antonio Losada. Votaram NÃO os Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Edi Morelli, Ervino Besson, Isaac Ainhorn, João Dib, Leão de Medeiros, Luiz Machado, Omar Ferri, Vicente Dutra e Wilson Santos.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda à leitura das Declarações de Voto encaminhadas à Mesa.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à leitura.)

“Declaração de Voto

Voto contra o Substitutivo nº 02, lembrando que o assunto Sábado-inglês não estava em Pauta e que serei um dos primeiros a fiscalizar o fechamento do comércio sábado à tarde e domingo.

             (a) Artur Zanella”

 

“Declaração de Voto

A Bancada do PDS vota contra o Projeto de Lei que institui o chamado Sábado-inglês, porque entende que esta proposição encaminha a cidade de Porto Alegre a um inconseqüente retrocesso, com reflexos danosos na sua economia, no turismo, nos salários e empregos dos trabalhadores e na animação social da Cidade.

Sim à liberdade cujos ares varrem o mundo.

Não a limitações demagógicas e inconseqüentes.

            (aa) Leão de Medeiros, Vicente Dutra e João Dib.”

 

O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa Requerimento do Ver. Clóvis Brum solicitando que o Proc. nº 2236/90, PLL nº 152/90 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, requeiro à Mesa cópia xerox do Requerimento da dispensa de distribuição em avulsos da Redação Final.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, gostaria de ter o apanhado taquigráfico da Sessão até aqui, quanto aos pareceres anteriores de troca de qualificação do Projeto de Lei Complementar para Lei Ordinária.

 

O SR. PRESIDENTE: Se V. Exª desejar encaminha por escrito o Projeto, porque o Processo do Ver. Clóvis Brum teve alteração de número: passou para nº 2236/90 e o Projeto de Lei Ordinária passou para nº 152/90.

 

Observação:

- o texto da Redação Final ora aprovada é o mesmo do Substitutivo nº 02 ao PLL nº 152/90.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 2250/88 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 015/88, de autoria do Ver. Raul Casa, que altera disposições contidas na Lei Complementar nº 124, de 22 de outubro de 1985, e dá outras providências. Com Substitutivo nº 01 e com Emendas nºs 01 e 02 ao Substitutivo.

 

Parecer:

- da Comissão Especial. Relator Ver Ervino Besson: pela rejeição do Projeto e pela aprovação do Substitutivo nº 01 e das Emendas nºs 01 e 02 ao Substitutivo.

 

O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa Requerimento de autoria do Ver. Nelson Castan, solicitando seja adiada a discussão e votação por cinco Sessões, do PLCL nº 015/88.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

PROC. Nº 3322/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 111/89, que autoriza o Município a alienar o imóvel de sua propriedade à Tânia Maria Gonçalves Collin e seu marido Fernando Collin. Com Emendas nºs 01 e 02.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Décio Schauren: pela aprovação;

- da CFO. Relator Ver Flávio Koutzii: pela aprovação com a Emenda nº 01;

- da CUTHAB. Relator Ver. Lauro Hagemann: pela aprovação com as Emendas nºs 01 e 02;

- da CJR. Relator Ver. Décio Schauren: Pela aprovação das Emendas nºs 01 e 02;

- da CFO. Relator Ver. Airto Ferronato: pela aprovação da Emenda nº 02.

 

O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa Requerimento de autoria do Ver. Mano José, solicitando o adiamento da discussão e votação do PLE nº 111/89 por cinco Sessões.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL

 

PROC. Nº 0982/89 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 002/89, de autoria do Ver. Luiz Machado, que altera a Resolução nº 785, de 05 de outubro de 1983, que aprova o Regimento Interno da Câmara Municipal de Porto Alegre. Com Substitutivo nº 01.

 

Observação:

- Incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM.

 

O SR. PRESIDENTE: O Proc. nº 1224/90 - PLL 070/90, de autoria do Ver. Luiz Machado, não tem o Parecer do Ver. Omar Ferri e não há condições de recebermos o Parecer, nem de suspendermos os trabalhos. Não há condições de votar.

 

PROC. Nº 1033/90 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 018/90, de autoria do Ver. Wilson Santos, que concede o prêmio Teatro Quorpo Santos à Senhora Irene Brietzke.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Elói Guimarães: pela tramitação;

- da CEC. Relator Ver. Cyro Martini: Pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Não há “quorum” para continuar a Ordem do Dia. Nós vamos levantar os trabalhos e convocar os Srs. Vereadores para amanhã à tarde, no horário regimental. Pela manhã não teremos a reunião de praxe de todas as quintas-feiras para tratarmos da regulamentação da Lei Orgânica. Amanhã, então, não teremos a reunião.

Estão encerrados os trabalhos por falta de “quorum”.

 

(Levanta-se a Sessão às 19h43min.)

 

* * * * *